A Câmara de Lisboa quer contactar diretamente com a Igreja Católica sobre a organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023 e, na terça-feira, excluiu o coordenador nomeado pelo Governo.“A câmara municipal é que coordena, a câmara municipal é que vai fazer”, salientou esta semana o vice-presidente da autarquia, Filipe Anacoreta Correia.

José Sá Fernandes já nem sequer participou na reunião desta quinta-feira na Câmara de Lisboa, que teve como objetivo encontrar uma solução para a polémica criada pelo custo do altar-palco do Parque Tejo.

O gabinete do representante do Governo na organização da JMJ 2023 assumiu, aliás, à Renascença, na terça-feira, que ia estar ausente da reunião "porque não faz parte das suas competências".

O certo é que o Memorando de Entendimento para a Jornada Mundial da Juventude, a que a Renascença teve acesso, descreve passo a passo "as respetivas tarefas, responsabilidades e meios de funcionamento" de cada uma das partes e há "tarefas" da CML que, eventualmente, se cruzam com as do Grupo de Projeto liderado por José Sá Fernandes.

Desde logo, e segundo consta do Memorando, estão a cargo da equipa do coordenador do Governo "responsabilidades com caráter transversal a todos os eventos", sendo que a maior parte deles decorrem em Lisboa.

Isto inclui o plano de saúde, de segurança ou de mobilidade, mas também "estruturas para tendas de socorrismo e tendas médicas de média dimensão e espaços de saúde e seu equipamento".

Se tivermos em conta as declarações de Anacoreta Correia na Assembleia Municipal - "A câmara municipal é que coordena, a câmara municipal é que vai fazer” - levanta-se a questão se agora ficarão a cargo da autarquia, por exemplo, os planos de saúde, de segurança ou de mobilidade de todos os eventos em Lisboa.

Relativamente ao Parque Tejo, em Lisboa, onde está previsto que decorra a missa final da JMJ com a presença do Papa, há tarefas que se cruzam e que estão previstas no Memorando assinado entre as partes.

Está, por exemplo, atribuído ao gabinete de Sá Fernandes o "aluguer, montagem e desmontagem da ponte militar móvel" que fará a ligação das margens do rio Trancão.

Por seu turno, à CML estão atribuídos 50% dos "custos da ancoragem e assentamento da ponte militar móvel", como refere o Memorando.

Outra das tarefas que, quer o gabinete de Sá Fernandes, quer a CML têm a cargo em simultâneo tem a ver com o abastecimento de água nos eventos da JMJ no Parque Tejo. O Memorando prevê como responsabilidade da autarquia o "abastecimento e disponibilização de água potável". O Grupo de Projeto encarrega-se da "distribuição de água no chamado “triângulo de Loures”.

Integralmente atribuído ao coordenador do Governo está o Centro de Reconciliação e a Feira das Vocações. Vai funcionar em Lisboa, na zona de Belém, onde a Sá Fernandes cabe a instalação de um palco para o Festival da Juventude, com dimensões de 10x10 m2. Resta saber se também aqui "a câmara municipal é que coordena, a câmara municipal é que vai fazer”, nas palavras de Anacoreta Correia.