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JMJ 2023. "Quando não há dinheiro para caviar compra-se robalo". A dificuldade de alterar um "contrato assinado"

01 fev, 2023 - 17:50 • Tomás Anjinho Chagas , Susana Madureira Martins

O facto de existir um contrato que "está assinado" entre a SRU e a Mota-Engil é apontado como uma das principais dificuldades para avançar com eventuais alterações à estrutura do altar-palco no Parque Tejo que venham agora a ser exigidas. Um eventual corte no contrato original de mais de 4,2 milhões de euros causa desconforto às partes envolvidas, mas a convicção que existe é que a empresa de construção terá de ceder para evitar a “má publicidade”.

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O Presidente da República já admitiu, esta quarta-feira, que estão a "decorrer" conversas entre as partes envolvidas na organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) para encontrar uma "solução" face ao custo do altar-palco do Parque Tejo, mas desde já é dito à Renascença que pode haver dificuldade em mexer no contrato assinado entre a Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) e a Mota-Engil.

Fonte ligada ao processo da JMJ explica à Renascença que houve uma consulta a diversas empresas "para apresentar preços" para a construção do altar-palco, num projeto ganho pela Mota-Engil. E fica o alerta: "o contrato está assinado", sendo que foi a SRU a contratar "determinado trabalho para um projeto que a JMJ decidiu".

O facto de existir um contrato que "está assinado" entre a SRU e a Mota-Engil é dado como uma das principais dificuldades para avançar com eventuais alterações à estrutura do altar-palco no Parque Tejo que venham agora a ser exigidas. A mesma fonte alerta que "aqueles trabalhos já são de uma exigência brutal" e que nada desta polémica é "culpa das empresas envolvidas".

É ainda apontada "a falta de planeamento que existiu" neste processo e que "alguém tem de aparecer com uma proposta para ser feita em tempo" útil - a JMJ realiza-se na primeira semana de agosto - para além de ser necessário avaliar "onde é que se pode reduzir" nos custos do altar-palco avaliados em mais de quatro milhões de euros.

A mesma fonte vai ao ponto de dizer que da parte da JMJ, da CML e da SRU até "podem não querer fazer nada", ou seja, nem sequer se mexe no projeto do altar-palco encontrando-se, entretanto, outras soluções, mas mesmo "isso" é tido como "muito prematuro".

Todas as entidades envolvidas nesta polémica do altar-palco apontam para a necessidade de encontrar uma solução com "discrição" e "recato", sendo salientado por um elemento do projeto que "houve um cuidado das partes em encontrar a melhor solução" e "economicamente melhor".

Fica ainda um remoque de uma fonte ligada ao projeto do altar-palco, que refere que "as partes têm de juntar-se ao bom senso", referindo ainda que "quando não há dinheiro para caviar compra-se robalo".

E fica claro o desconforto que implica a polémica em torno do custo do projeto, com o mesmo elemento a referir à Renascença que não gosta de "estar envolvido" numa situação destas, apesar do "simbolismo" de se lhe estar associado.

Redução “na casa dos milhares, não dos milhões”

A redução do valor original do contrato para o altar-palco poderá acontecer por causa da pressão mediática: “Não terão outro remédio [senão ceder]”, admite uma outra fonte próxima do processo.

O eventual corte no contrato original de mais de 4,2 milhões de euros provoca desconforto às partes envolvidas, mas a convicção que existe é que a Mota-Engil terá de ceder para evitar a “má publicidade”.

No entanto, pode não estar a falar-se de um grande corte. O contrato vai ser “revisto” por causa da “pressão”, mas deixa-se claro que o ajuste será “na casa dos milhares, não na casa dos milhões”.

A temperatura mediática está a alterar os planos originais, e a frustração é compreendida: “Foi assinado um contrato, eles estavam a contar com isso”, salienta a mesma fonte.

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