Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Programa Alimentar Mundial é o Prémio Nobel da Paz 2020

09 out, 2020 - 10:03 • Marta Grosso

PAM recebe o prémio "com profunda humildade" e considera a nomeação "nada menos do que uma façanha", tendo em conta os tempos difíceis da pandemia. O Programa foi o escolhido dentre 318 candidatos, entre os quais Donald Trump. Entrega do prémio prevista para 10 de dezembro, na Noruega.

A+ / A-

Veja também:


O Prémio Nobel da Paz foi atribuído este ano ao Programa Alimentar Mundial, “pelos esforços no combate à fome, pela contribuição para melhorar as condições de paz em zonas de conflito e por agir como uma força motriz nos esforços para evitar a utilização da fome como arma de guerra”.

“A alimentação é a melhor vacina contra o caos”, afirmou a presidente do comité, Berit Reiss-Anderseno. Com esta distinção, o comité norueguês quis focar o olhar do mundo “para os milhões de pessoas que passam fome” no mundo.


“A relação entre a fome e o conflito armado é um círculo vicioso: a guerra e o conflito podem causar insegurança alimentar e fome, assim como a fome e a insegurança alimentar podem causar o surgimento de conflitos latentes e desencadear o uso da violência. Nunca alcançaremos a meta de fome zero, a menos que também acabemos com a guerra e os conflitos armados”, afirmou Berit Reiss-Anderseno.

“O Comité norueguês do Nobel deseja enfatizar que fornecer assistência para aumentar a segurança alimentar não apenas previne a fome, como pode ajudar a melhorar as perspetivas de estabilidade e paz. O Programa Alimentar Mundial assumiu a liderança ao combinar trabalho humanitário com esforços de paz por meio de projetos pioneiros na América do Sul, África e Ásia”, sublinhou ainda.

Por isso, o PAM “assume um papel-chave na promoção da cooperação internacional e transformar a segurança alimentar num instrumento de paz; contribui diariamente para defender a fraternidade entre nações a que Alfred Nobel se refere no seu testamento. Como uma das maiores agências das Nações Unidas, o Programa Alimentar Mundial é a versão atual de uma assembleia para a paz que o Prémio Nobel da Paz pretende distinguir”, apontou a presidente do comité.


A agência das Nações Unidas reagiu quase de imediato ao prémio. Foi um "momento de orgulho" para o Programa Mundial de Alimentos da ONU, afirmou o porta-voz do PAM, Tomson Phiri, numa conferência de imprensa em Genebra.

"A candidatura em si foi suficiente, mas prosseguir e ser nomeado vencedor do Prémio Nobel da Paz é nada menos do que uma façanha", acrescentou, referindo-se ao trabalho da agência no fornecimento de alimentos durante a pandemia de Covid-19, numa altura em que as companhias aéreas não voavam.

Fomos "além do esperado", sublinhou Tomson Phiri.

“O PAM sente-se profudamente humilde em receber o Prémio Nobel da Paz 2020”, lê-se na página da agência no Twitter.

“É o reconhecimento do trabalho dos funcionários do PAM, que todos os dias colocam as suas vidas em risco para providenciar mais alimentos e assistência a mais de 100 milhões de crianças, homens e mulheres que passam fome em todo o mundo”.

Fundado em 1961, o PAM tem sede em Roma e é totalmente financiado por contribuições voluntárias. No ano passado, distribuiu 15 mil milhões de refeições e assistiu 97 milhões em 88 países.

A organização diz, contudo, que estes números representam apenas uma fração das necessidades totais.


Qualquer pessoa ou instituição pode ser candidata ao Nobel da Paz, explica Henrik Syse, vice-presidente do Comité Nobel da Noruega, que é o órgão responsável pela atribuição do Nobel da Paz.

Henrik Syse diz que, para se tomar a decisão, é importante seguir o que se vai passando no mundo. O prémio pode ser atribuído a mais do que um destinatário.


A lista de candidatos deste ano era longa: 211 pessoas e 107 organizações, num total de 318. Entre eles, estava o Presidente dos EUA, Donald Trump.

Vários têm sido os políticos a receber a distinção, incluindo o antecessor de Trump, Barack Obama, pouco tempo depois de ter tomado posse, em 2009 – uma escolha polémica.

No ano passado, o prémio também foi para um político. O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed Ali, pelo seu papel na mediação do processo de paz com a Eritreia, conflito que se prolongou durante décadas.

Mas entre os políticos nomeados para Nobel da Paz destaca-se o nome de Nelson Mandela (1993).


Também grande defensor da paz foi Mahatma Ghandi, que, contudo, nunca recebeu a distinção do Comité Nobel.

Pelo contrário, Hitler já constou entre os nomes dos candidatos, tal como Estaline e Mussolini.

Entre os 318 candidatos deste ano estavam também a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern (tida como um dos melhores exemplos do combate à propagação da Covid-19), a ativista Greta Thunberg, Julian Assange, Alexei Navalny, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte, OTAN em português).

A entrega do prémio está marcada para dia 10 de dezembro, na Noruega, numa cerimónia com apenas 100 convidados, devido aos contrangimentos impostos pela pandemia.

Saiba Mais
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+