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Nobel da Literatura atribuído a Louise Glück

08 out, 2020 - 12:02 • Marta Grosso

“Ararat”, “Averno” e “The Wild Iris” (que lhe valeu um Pullitzer em 1993) são as obras de maior referência da poetisa. No ano passado, receberam o prémio Peter Handke (2019) e Olga Tokarczuk (2018).

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O Prémio Nobel da Literatura cabe este ano à norte-americana Louise Glück, pela "sua inconfundível voz poética que, com uma beleza austera, torna universal a existência individual".

Ao saber da nomeação, mostrou-se surpreendida, afirmou a academia sueca, segundo a qual as obras da laureada são caracterizadas por uma busca pela clareza.


A infância e a vida familiar, o relacionamento próximo com pais e irmãos, é uma temática que permaneceu central nos livros de Glück.

A autora “procura o universal e para isso inspira-se em mitos e motivos clássicos, presentes na maior parte das suas obras”, referiu ainda a academia.

Entre as coleções de maior relevo estão “Ararat” (um duro e implacável retrato de família em verso, em que Glück confronta, com ironia devastadora, a vida vazia do pai e a incapacidade da mãe em expressar emoções), “Averno”, de 2006 (uma “coleção magistral, uma interpretação visionária do mito da descida de Perséfone ao inferno no cativeiro de Hades, o deus da morte) e “Faithful and Virtuous Night”, a mais recente, de 2014.

Mas uma das coleções mais elogiadas é "The Wild Iris" (1992), em que a poetisa descreve o milagroso retorno da vida após o inverno do poema "Snowdrops". A obra valeu-lhe um Pullitzer em 1993.

Louise Glück nasceu em 1943 em Nova Iorque e vive atualmente em Cambridge, no Massachusetts. Além de escritora, dá aulas de Inglês na Universidade de Yale University, no Connecticut.

No ano passado, foram entregues dois prémios Nobel – correspondentes a 2018 e a 2019 –na sequência de uma polémica que envolveu um dos elementos da Academia.

Peter Handke (Áustria) e Olga Tokarczuk (Polónia) foram os galardoados em 2019 e 2018, respetivamente.

Mas o Nobel da Literatura tem sido alvo de algumas controvérsias nos últimos anos e a academia anunciou mudanças para melhorar a transparência do processo de nomeação.

Ainda assim, o dramaturgo Peter Handke (2019) atraiu muitas críticas internacionais, pelo seu retrato da Sérvia como vítima durante as guerras dos Balcãs na década de 1990 e por comparecer ao funeral de seu líder nacionalista, Slobodan Milosevic.

Em 2016, o prémio foi concedido ao cantor e compositor norte-americano Bob Dylan, uma decisão que dividiu a opinião pública: pode ou deve um músico popular receber uma distinção que havia sido em grande parte domínio de romancistas e dramaturgos?

Bob Dylan: "Nunca pensei ser possível" receber um Nobel
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Todos os escritores podem ser nomeados para o Nobel da Literatura, independentemente da categoria em que escrevem. Até podem ser ensaios, diz o Anders Olsson, da academia sueca. O que importa “é que escrevam bem”.

Este escritor e professor de Literatura na Universidade de Estocolmo acrescenta que o processo decorre debaixo de total discrição: “tem de ser muito secreto”, refere Olsson num vídeo publicado pela academia no Twitter.


"Todos os bons livros são semelhantes no sentido de que são mais verdadeiros do que se tivessem realmente acontecido e, quando acaba de ler um, sentirá que tudo o que aconteceu consigo, enquanto lia e depois, pertence a si", afirmou Ernest Hemingway, Prémio Nobel da Literatura em 1954.


A escrita de José Saramago foi reconhecida em 1998. A academia reconhecia o escritor, então com 75 anos, pelas “parábolas portadoras de imaginação, compaixão e ironia”, que tornam “constantemente compreensível uma realidade fugidia”.

Uns anos antes (1993), Toni Morrison tornava-se na primeira mulher afroamericana a receber o prémio.


O Nobel da Literatura é o quarto a ser anunciado, a seguir aos da Medicina, da Física e da Química, anunciados esta semana.

Neste ano, os vencedores do Nobel arrecadam 10 milhões de coroas suecas (cerca de 954 mil euros) – mais um milhão (pouco mais de 95 mil euros) que nos anos anteriores. De acordo com o Conselho de Administração da Fundação Nobel, o aumento do valor do prémio é o resultado de um “reforço económico” feito na instituição nos últimos oito anos.

Por causa da pandemia de Covid-19, muitos dos eventos tradicionais (como o grande banquete) forma cancelados ou transferidos para a Internet.

Os prémios Nobel por realizações em ciência, literatura e paz foram criados e financiados pela vontade do inventor da dinamite e empresário sueco Alfred Nobel e são concedidos desde 1901. O prémio na área da economia foi acrescentado depois.

Comentários
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  • George Rupp
    08 out, 2020 12:10
    Glück muß man haben.

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