09 mar, 2022 - 21:13 • João Malheiro
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O dia 14 da guerra foi marcado por um ataque a uma maternidade, na Ucrânia, e pelo corte do fornecimento de energia à central nuclear de Chernobyl.
Até ao final desta terça-feira, morreram pelo menos 516 civis, incluindo 41 crianças, segundo estimativas da ONU, que indica ainda que "os números reais são consideravelmente mais elevados".
Pelo menos 17 pessoas ficaram feridas no ataque aéreo contra o hospital/maternidade de Mariupol, no sul da Ucrânia, avança o governador local, Pavlo Kyrylenko.
Entre os feridos estão grávidas que se encontravam em trabalho de parto, indica a mesma fonte citada pelas agências internacionais.
O bombardeamento russo aconteceu durante o período de cessar-fogo anunciado para esta quarta-feira, segundo Pavlo Kyrylenko.
O governador diz que a retirada de civis teve que ser novamente interrompida devido aos ataques das forças armadas da Rússia.
A Cruz Vermelha fala num cenário "apocalíptico" em Mariupol e uma fonte oficial local fala em 1.200 mortos na cidade.
O fornecimento de energia elétrica para a central nuclear de Chernobyl e para os respetivos equipamentos de segurança foi "completamente" cortado devido às ações militares russas, anunciou esta quarta-feira o distribuidor de energia ucraniano, a Ukrenergo.
A central de Chernobyl, que foi cenário do maior acidente nuclear da história, em 1986, "foi completamente desligada da rede elétrica devido às ações militares do ocupante russo. O local não tem mais fornecimento de energia", escreveu a empresa ucraniana na rede social Facebook.
Com a ofensiva russa em curso no território ucraniano, "não há possibilidade de restabelecer as linhas" de energia, declarou a operadora.
O abastecimento estará a ser garantido por geradores, que têm capacidade para apenas 48 horas.
A central nuclear de Chernobyl, localizada numa zona de exclusão, inclui reatores desativados e instalações de resíduos radioativos.
O corte do fornecimento de energia à central nuclear de Chernobyl não representa um "impacto crítico para a segurança", avança a Agência Internacional de Energia Atómica (AEIA).
A Ucrânia está aberta a discutir a exigência de neutralidade da Rússia, desde que receba garantias de segurança. E não entrega um "único centímetro" de território, afirmou um importante assessor do Presidente Volodymyr Zelensky para a política externa.
“Certamente, estamos prontos para uma solução diplomática”, afirmou Ihor Zhovkva numa entrevista à televisão Bloomberg, na quarta-feira.
O vice-chefe do gabinete de Zelensky reforçou, por outro lado, a exigência ucraniana de garantias de segurança “dos EUA, da Grã-Bretanha, da Alemanha” e outros – “apenas as garantias de segurança da Rússia não serão suficientes”, sublinhou, embora se tenha recusado a detalhar que medidas estariam em causa.
Kiev dá, assim, conta de alguma disponibilidade para, à mesa das negociações ao mais alto nível, ouvir o que Moscovo entende por “estatuto neutral”.
Nesta quarta-feira, a porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros voltou a sublinhar o objetivo da ofensiva: garantir que a Ucrânia terá um estatuto neutro.
Numa conferência de imprensa internacional, Maria Zakharova admitiu já terem sido feitos “alguns progressos” nas negociações com a Ucrânia, que seguem para uma quarta ronda (ainda sem data anunciada).
No entanto, o presidente russo, Vladimir Putin, culpou esta quarta-feira os "nacionalistas" ucranianos por dificultarem a evacuação de civis de cidades ucranianas sitiadas.
Putin discutiu telefonicamente a situação na Ucrânia com o chanceler alemão, Olaf Scholz, abordando em particular "os aspetos humanitários".
De acordo com o Kremlin, Putin disse a Scholz que os "nacionalistas" ucranianos estavam a impedir os "esforços russos para organizar corredores humanitários para civis saírem de áreas de combate".
Pelo seu lado, as autoridades ucranianas voltaram a denunciar que os contínuos bombardeamentos russos estão a sabotar os esforços para evacuar civis de áreas afetadas pelos combates.
Enquanto dos dois lados trocam acusações, a guerra já provocou a morte a pelo menos 516 civis e mais de 2,2 milhões de refugiados no espaço de apenas 14 dias.