Expetativas goradas para os sindicatos dos médicos que saíram esta segunda-feira desiludidos após a quarta reunião negocial com o Governo, depois dos encontros realizados entre as duas partes em novembro e dezembro.

“Em relação à reunião foi mais uma desilusão e mais um desencanto. Assinámos este protocolo negocial há quatro meses e, de facto, não temos avanço absolutamente nenhum”, referiu aos jornalistas a presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

“Sem médicos não há Serviço Nacional de Saúde e o grande responsável por isto é mesmo o Governo. Se nada fizer e se nós, de forma rápida e breve, não tivermos medidas concretas, vai ser o grande responsável pelo fim do SNS”, declarou Joana Bordalo e Sá.

Apesar do protocolo negocial estar assinado há quatro meses, ainda não há um assunto concluído, lamenta a presidente da FNAM, que acusa o executivo de não dar respostas concretas, nomeadamente no que diz respeito às grelhas salariais.

“Não é para isso que nós estamos aqui. Os sindicatos estão de boa-fé, estamos e para negociar de forma séria e célere”, sublinhou.

Também o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) afirmou que a reunião desta segunda-feira resultou em “algum desapontamento”, porque o Governo “não apresentou qualquer proposta ainda”.

Jorge Roque da Cunha recordou que, nos últimos dez anos, os médicos perderam “26% do seu poder de compra” e que milhares rescindiram com o SNS ou reformaram-se”.

Por esse motivo, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, devia ser “obrigado a explicar ao ministro das Finanças e ao primeiro-ministro que há uma camada muito importante de portugueses, particularmente os mais desfavorecidos, que têm grandes dificuldades de acesso aos cuidados de saúde”.

“Não queremos ser empurrados para formas de contestação mais robustas, que não nos interessam, porque fundamentalmente prejudicam os nossos utentes”, assegurou o dirigente do SIM, ao sublinhar que até junho é “um momento de negociação”.

A próxima reunião negocial, a quinta, está agendada para o dia 1 de fevereiro.