O comentador de política internacional Germano Almeida considera que ainda há contornos por esclarecer na solução encontrada para resolver a questão em Azovstal. Ainda assim, diz que representa uma clara vitória da estratégia militar russa.

“Sem dúvida que significa uma vitória, porque era a bolsa de resistência que sobrava em Mariupol. Muitos dias de resistência numa situação quase inimaginável por parte do regimento Azov e de outros soldados ucranianos, e como sabemos também de muitos civis”, analisa.

O comentador destaca que “a resistência humana tem limites e o que aconteceu nas últimas horas foi encontrar uma solução ainda com contornos por esclarecer. Vamos ver como corre”.

“Foi quase a última alternativa antes de uma rendição incondicional que até à última os resistentes ucranianos se recusaram a fazer”, assinala.

Não é a primeira vez que há troca de prisioneiros entre as partes. Só que desta vez, não há totais garantias do que vai acontecer, já que o processo decorrerá à margem de instituições como as Nações Unidas ou a Cruz Vermelha Internacional. “Já houve desde o início da guerra troca de prisioneiros entre a Ucrânia e a Rússia. A questão é que esta é uma situação mais complicada, porque eles foram levados para zonas controladas por russos ou separatistas pró-russos, onde serão assistidos por médicos militares russos”, afirma Germano Almeida.

De acordo com o comentador político, não há garantia em que condições será feita essa troca de prisioneiros. “Aqui há um predomínio russo que tendo em conta o que já vimos nesta guerra, não nos dá garantias do que pode acontecer.”

Já foram retirados 264 militares da Azovstal, confirmou a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Malyar, mas ainda há soldados dentro da siderurgia.

Numa comunicação ao país, nesta segunda-feira, a governante referiu que esses combatentes, alguns deles feridos, vão ser alvo de um processo de troca de prisioneiros. “No dia 16 de maio, 53 pessoas gravemente feridas foram retiradas de Azovstal e foram transportadas até um hospital em Novoazovsk para receberem assistência médica. Outras 211 pessoas foram retiradas a partir de corredores humanitários e levadas até Olenivka. Para que possam regressar a casa vamos dar início a um processo de troca”, adiantou.

“A Ucrânia precisa dos seus heróis vivos, este é o nosso princípio. Acho que todas as pessoas entenderão estas palavras", comentou o Presidente ucraniano.