Depois do caos do fim de semana, a normalidade regressa lentamente à rua das Flores, no centro da cidade do Porto.

A cada porta desta rua paralela a Mouzinho da Silveira, não há proprietário de negócio que não tenha sofrido com as consequências do mau tempo.

Ainda assim, a maior parte das lojas e cafés abriu entre as 08h00 e as 09h00 desta segunda-feira.

A maior parte, porque há estabelecimentos onde são ainda bem visíveis as consequências do mau tempo que, de surpresa, inundou lojas e caves.

As últimas 48 horas foram passadas a limpar, dia e noite, mas não foi suficiente.

É o caso de uma loja de lembranças tradicionais no início da Rua das Flores.

Milita Gonçalves perdeu a conta às horas que já passou em limpezas.

"Não vou poder abrir a loja, porque, além da água, veio muito entulho e muita lama", conta esta comerciante à Renascença.

"Cheguei a ter quase 30 centímetros de altura de água dentro da loja", refere, enquanto vai limpando os artigos que ainda é possível salvar e manter à venda, quando a loja reabrir.

Quando é que isso vai acontecer? "Se tudo correr bem, amanhã. Se não correr bem, só depois de amanhã mesmo. Só estou à espera do meu patrão para vermos como é que isto se vai resolver".

O passo seguinte é a contabilização total dos prejuízos: "Hoje, o meu patrão vem cá. Vamos tentar fazer o inventário. Meti as coisas que estavam estragadas em sacos, agora falta contabilizar e muitos artigos foram com a enxurrada".

Uns metros à frente, Vítor Loureiro conseguiu abrir o café na manhã desta segunda-feira.

No sábado, entre as 11h00 e o meio-dia, este empresário conta que viu "água e lama a entrar de um lado e a sair do outro" do seu estabelecimento.

"Tinha tudo inundado, água barrenta. Mas foi tudo resolvido, eu tinha aí pessoal que me ajudou com a limpeza. Pelo menos, no meu estabelecimento, não tive grandes problemas", conta à Renascença.

As próximas horas deverão ser mais calmas.

Pelo menos, não se espera que chova como naquela manhã de sábado.

Seja como for, a Proteção Civil emitiu um aviso para risco de cheias e inundações, nas ribeiras do Porto e de Gaia, para pouco antes das cinco da tarde.

Tudo por causa do aumento significativo do caudal do rio Douro, depois da chuva dos últimos dias.