O professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Eduardo Paz Ferreira, considera que os resultados das eleições intercalares nos Estados Unidos da América (EUA) são "uma enorme derrota de Donald Trump", que apoiou candidatos mais radicais que não tiveram o resultado esperado.

Neste momento, a disputa pelo maioria no Senado ainda está em aberto com toda a atenção nos estados do Arizona, Georgia e Nevada.

Já na Câmara dos Representantes, os republicanos devem mesmo alcançar maioria, apesar de ser mais reduzida do que o esperado.

E é neste contexto que Eduardo Paz Ferreira diz que a noite eleitoral deu mais sinais positivos aos Democratas do que aos Republicanos.

"A sensação que dá é que o ambiente era de tal forma pesada e de terror, que terá havido alguma retração dos eleitores Democratas nas sondagens, mas na realidade foram muito importantes. Todos os referendos que foram aprovados nestas eleições foram no sentido progressista", realça.

Sobre Donald Trump, o professor catedrático considera que "perdeu a força que tinha dentro do partido, provavelmente a favor de Ron DeSantis".

O governador da Flórida foi reeleito por uma margem considerável e surge, neste momento, como o principal possível adversário interno de Trump nas primárias Republicanas.

No entanto, Eduardo Paz Ferreira não acredita que DeSantis traga "um grande progresso civilizacional" nem quebre com alguns dos ideiais mais extremistas de Trump.

"Não é flor que se cheire. Não trará o regresso do velho e conservador Partido Republicano antes de se meter nas loucuras trumpistas. Mas não atinge os níveis de barbaridade de Trump e não deverá apoiar-se tanto na extrema direita", reflete.

Já sobre os próximos dois anos de mandato de Joe Biden, Paz Ferreira recorda que muitos Presidentes tiveram que lidar com um Congresso controlado pela oposição e que Biden "é capaz de negociar e ser afável".