Milhares de pessoas, várias gerações unidas no Porto, de cravo na mão, para celebrar este meio século de liberdade.

"O que penso do 25 de Abril, para mim? Para mim o 25 de Abril é tudo. Se não fosse o 25 de Abril eu não podia dizer o que digo, não podia pensar o que penso". E quem pensa assim é Carolina, uma jovem de 26 anos. Nasceu muito depois da Revolução mas a mãe contou-lhe tudo: "É uma data marcada à nascença em todo o português".

Adelaide tinha apenas cinco anos em Abril de 74...era demasiado nova para guardar as memórias que vão além dos afetos, mas tem duas certezas. O melhor de Abril foi a liberdade, "foi a coisa melhor que o povo pode adquirir". Mas ainda há muito por fazer, admite: "Eu acho que a justiça social ainda não foi conquistada. Falta muito".

Já as memórias de José Silva - 73 anos - saltam como pães. Literalmente. Tinha acabado de chegar da guerra do ultramar, dois meses antes. E do dia da liberdade, em Abril, José recorda o silêncio da noite, quando estava a contar o pão que iria distribuir ao amanhecer: "Ao passar ao quartel da serra fui abordado pelos militares que não me deixavam passar. Dei-lhes meia dúzia de pães e eles abriram uma brecha. Foi pelos militares que soube que havia uma revolução".