O jornalista, radialista e realizador tinha 84 anos. Com carreira profissional iniciada como radialista e ator na Emissora Nacional, entrou depois para o Rádio Clube Português, onde veio a ler os comunicados do Movimento das Forças Armadas, responsável pela revolução do 25 de Abril.
O 25 de abril de 1974 português não tem nas páginas da história internacional a ressonância de Lenine ou de Hitler, embora tenha tido, como assinalam os teóricos das vagas de democratização, um papel pioneiro no fenómeno liberalizador que percorreu o mundo dos meados dos anos 1970 (Portugal, Grécia e Espanha) ao final dos anos 1980 (as revoluções no Leste, na Alemanha e na URSS).
Tão diferentes são os portugueses que, recém-saídos de uma brutal crise económica, têm sabido combater com extraordinária – quero dizer, rara – eficácia o mesmo vírus que faz sangrar Espanha.
Esta manhã, DGS e Ministério da Saúde anunciaram novos critérios para declarar que infetados com Covid-19 estão curados. Hoje foi o primeiro 25 de Abril da democracia portuguesa em estado de emergência, no dia em que também os italianos celebraram o fim do fascismo.
Gente não era muita, a pandemia a isso obrigaria, mas houve quem, mais novos ou mais velhos, descesse, pela primeira vez ou como das últimas, a Avenida. Marcelo, o Presidente, saído da Assembleia, foi distribuir refeições pelos sem-abrigo de Lisboa.
Itália partilha o seu Dia da Liberdade com Portugal; a 25 de abril de 1945, os italianos celebraram a sua libertação. 75 anos depois, em plena pandemia de Covid-19, trocaram as ruas pelas janelas das suas casas, de onde cantaram não "Grândola Vila Morena", mas "Bella Ciao", hino da resistência antifascista.
Em pleno estado de emergência, e sem comemorações na rua, portugueses um pouco por todo o país (e não só), seguiram o apelo da Associação 25 de Abril e cantaram "Grândola Vila Morena", de Zeca Afonso, à janela.
A cerimónia solene do 46º aniversário do 25 de abril, no Parlamento, foi polémica e inédita. Muitos dos discursos feitos ao longo das duas horas da celebração centraram-se na própria cerimónia que foi altamente criticada, nos últimos dias, e condicionada pela pandemia da Covid-19 que tem marcado o mundo nos últimos meses. Reveja os principais momentos.
“Sendo simbólico, tem esta carga de que não deixaremos de comemorar, celebrar o acto mais moderno e avançado na nossa época contemporânea”, afirma o secretário-geral do PCP.