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“Caves das igrejas estão abertas para as pessoas se refugiarem”, diz bispo de Odessa

09 mar, 2022 - 08:30 • Olímpia Mairos

A esmagadora maioria da população já abandonou a cidade, mas os que ficaram estão unidos. A tragédia aproxima as pessoas.

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O bispo de Odessa, importante cidade situada na costa do Mar Negro, ao sul da Ucrânia, revela à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) um ambiente de alguma tensão, apesar de não se terem verificado ainda situações de grande violência.

O toque das sirenes passou a fazer parte do quotidiano e a população vive em angústia permanente.

“Estamos sempre a ouvir os avisos de ataques aéreos e, de tempos a tempos, tiroteios. É muito assustador, mas, neste momento, graças a Deus, a cidade está relativamente calma. Estamos a dormir num abrigo numa cave, mas durante o dia estamos aqui e podemos rezar e trabalhar livremente”, conta D. Stanislav Szyrokoradiuk, num curto vídeo enviado à AIS.

Segundo o prelado, “as caves debaixo das igrejas estão abertas para as pessoas se refugiarem”, mas a primeira prioridade da Igreja foi garantir a segurança das crianças, que foram, entretanto, levadas para lugar seguro.

“Organizámos um espaço para refugiados. Algumas crianças e famílias jovens com crianças, estão a viver lá. Cuidamos dessas pessoas”, explica o prelado, realçando que a guerra, o clima de instabilidade e insegurança, aproximou as pessoas e a fé tornou-se também num abrigo.

“A presença de padres nas igrejas é de grande importância para as pessoas. Os padres celebram missas, organizam orações e fortalecem o espírito”, conta o bispo, acrescentando que nas “há pacotes alimentares, outros bens essenciais e refeições quentes”.

D. Stanislav Szyrokoradiuk destaca que a oração ganhou, nos últimos dias, uma importância adicional e que as pessoas sentem necessidade de rezar pela paz, pela segurança, pelos que já faleceram na guerra.

A tragédia aproxima as pessoas

“Rezamos diariamente pela paz. É importante para nós rezar por todos, mas especialmente por aqueles que morreram. Todos os dias celebramos uma Missa por todos aqueles que morreram, incluindo os soldados caídos e todas as vítimas da guerra”, conta.

A esmagadora maioria da população já abandonou a cidade de Odessa. Os que ficaram estão unidos. A tragédia aproxima as pessoas.

E há também, entre todos os que ficaram em Odessa, um grande sentimento de gratidão para com as enormes manifestações de solidariedade de um mundo perplexo também com esta guerra. E a Fundação AIS ocupa um lugar de destaque entre os que primeiro se preocuparam com a situação nesta cidade.

“A guerra tornou-nos muito unidos, não só católicos, mas também pessoas de outras confissões e culturas. Hoje, temos uma grande unidade na cidade”, acrescenta ainda o bispo D. Stanislav.

“Estou muito grato por todo o apoio e solidariedade. Gostaria especialmente de agradecer à Ajuda à Igreja que Sofre. Foi a primeira organização que me perguntou: ‘O que devemos fazer? Como podemos ajudar?’ Obrigado por esta vontade em ajudar”, conclui D. Stanislav Szyrokoradiuk.

Para fazer face à situação dramática que se vive na Ucrânia, está em marcha uma grande onda de solidariedade um pouco por todo o mundo. A AIS, por exemplo, anunciou o envio de apoio de emergência no valor de 1 milhão de euros para os sacerdotes e religiosas que trabalham com refugiados, em orfanatos e em lares para idosos na Ucrânia.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 406 mortos e mais de 800 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de dois milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

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