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Porta-voz da UNICEF à Renascença

Seis milhões de crianças em “situação desesperada" na Ucrânia

16 mar, 2022 - 17:20 • Pedro Mesquita

"De todo o país chegam-nos imagens onde vemos crianças que são vítimas dos ataques. Crianças que morrem, ficam feridas", afirma Joe English.

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Há seis milhões de crianças a necessitar desesperadamente de apoio na Ucrânia. O alerta é feito à Renascença pelo porta-voz da UNICEF, Joe English, a partir de Lviv.

De acordo com a UNICEF, a cada segundo que passa há uma criança ucraniana que se transforma em refugiada, mais de um milhão e 500 mil crianças já atravessaram as fronteiras da Ucrânia - com as suas mães - para sobreviverem à invasão ordenada por Vladimir Putin.

É uma parcela da guerra sublinhada à Renascença, a partir de Lviv, na parte ocidental da Ucrânia, pelo porta-voz na Ucrânia da UNICEF, o Fundo das Nações Unidas para a Infância.

"Mais de um milhão e meio de crianças teve que fugir à guerra na Ucrânia, atravessaram para a Polónia, Roménia, Moldávia. E isso faz quase um a cada segundo que passa desde o início deste conflito. Mas a situação que temos dentro do país é também incrivelmente difícil. Mais de 4.500 bebés nasceram na Ucrânia desde que este conflito começou."

Joe English, o porta-voz da UNICEF na Ucrânia, descreve a incerteza dos que partem e a luta pela sobrevivência dos que ficam no palco da guerra.

“A situação para as crianças e famílias na Ucrânia é absolutamente desesperada. De todo o país chegam-nos imagens onde vemos crianças que são vítimas dos ataques. Crianças que morrem, ficam feridas. Os ataques atingem hospitais, escolas, as suas casas. Todos os sítios onde era suposto estarem em segurança, são atacados. Estão debaixo de fogo", relata.

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E é neste cenário aterrador que a UNICEF procura aproximar-se das crianças. É uma missão praticamente impossível.

"Os nossos elementos destacados no interior da Ucrânia tentam desesperadamente chegar a cada uma das crianças e famílias que precisam de ajuda. Mas quando vemos bombas a cair e balas a voar é incrivelmente difícil para nós o acesso a essas pessoas. E com os combates tão perto da população civil vamos ver cada vez mais pessoas a atravessar a fronteira em busca de segurança", afirma Joe English.

Mais de um milhão e meio de crianças saíram do país, mas, pelos cálculos da UNICEF, estarão ainda na Ucrânia 6 milhões de meninos e meninas.

"Estimávamos que houvesse mais de sete milhões e meio de crianças em perigo, na Ucrânia. Se descontarmos, obviamente, um milhão e meio que fugiram do país, como refugiados, isso deixa-nos com seis milhões de crianças a necessitar desesperadamente de apoio. Muitas delas passam horas, dias até, em abrigos debaixo de terra sem acesso a ar puro ou verem o sol, a todo o tipo de coisas que as crianças precisam na sua infância", refere o porta-voz da UNICEF.

A ajuda da UNICEF às crianças, que permanecem na Ucrânia, é particularmente difícil. A organização tenta, sempre que possível, garantir-lhes momentos de tranquilidade. Nem que sejam pequenas pausas.

"A UNICEF está no terreno a trabalhar com o ACNUR e as autoridades locais para criar centros médicos azuis, que são espaços seguros para receber as crianças e os seus pais. As crianças podem brincar, pintar ver desenhos animados, e os pais sabem que as crianças estão em segurança durante um pouquinho de tempo mas também permite à UNICEF, com a ajuda de especialistas na proteção social de crianças, identificar as que são mais vulneráveis, e garantir que recebem o apoio de que precisam", refere Joe English.

Muitas destas crianças, com as suas mães, vão tentar cruzar a fronteira nos próximos dias, mas os caminhos para a paz são difíceis, testemunha o porta-voz da UNICEF na Ucrânia.

"Falei com mães que chegaram exaustas à fronteira com a Polónia. Os seus filhos estavam traumatizados, com frio e fome, a necessitar desesperadamente de cuidados. Falei com uma mãe que caminhou mais de 20 horas, com duas crianças pequenas, uma delas já andava e a outra ia ao colo. Chegaram à Polónia com um sentimento relativo de segurança, mas não tinham qualquer plano sobre o destino seguinte", conta o porta-voz da UNICEF na Ucrânia.

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