Em entrevista ao programa Hora da Verdade da Renascença e do jornal Público, o presidente da câmara do Porto considera "perfeitamente legítimo que alguém como André Villas-Boas" mostre interesse em avançar para a presidência do clube. A mesma legitimidade que atribui também ao antigo guarda-redes Vítor Baía.

Qual seria o melhor nome para suceder a Pinto da Costa no FC Porto? Se André Villas-Boas avançar, apoia-o?

Enquanto o senhor presidente Jorge Nuno Pinto da Costa estiver com saúde, vivo e com vontade para gerir o FC Porto, não me vou pronunciar sobre essa matéria.

Mas Villas-Boas tem vontade de candidatar-se à presidência do FC Porto.

O falecido Pôncio Monteiro numa altura admitiu ser presidente do FC Porto e depois nunca se veio a concretizar. E, no entanto, era uma pessoa muito grata dos sócios.

Há uma sondagem que dá Villas-Boas melhor posicionado na disputa pela presidência do FC Porto do que Pinto da Costa

Não vi essa sondagem.

Foi feita pelo jornal A Bola e dá 59,4% a Villas-Boas…

Não sei como é que o jornal A Bola fez essa sondagem. Apenas direi que se amanhã houver uma eleição entre o Jorge Nuno Pinto da Costa e o André Villas-Boas, votarei em Jorge Nuno Pinto da Costa. Enquanto Jorge Nuno – e eu tenho imenso apreço e amizade pelo André –, estiver capaz de governar o Porto, e ele saberá melhor do que ninguém porque gosta muito do clube, não vejo que me deva pronunciar sobre essa matéria. É mesmo um tabu e peço que respeitem esse tabu. Não é que eu deva nada ao sr. Jorge Nuno Pinto da Costa em termos pessoais. Eu sou de um tempo em que o Porto jogava muito bem e, no fim, perdia. Com ele deixou de perder e, portanto, tenho esta gratidão para com ele.

E esta intenção de avanço de Villas-Boas, como é que a vê? Se é de bom tom, se não é de bom tom?

É de bom tom, claro. É perfeitamente legítimo que alguém como André Villas-Boas, que foi treinador, deixou de ser treinador, é um homem do Porto, é um homem que os sócios conhecem, diga: ‘bom, eu acho que é o momento de virar de página’ e que se queira posicionar. Ele tem toda a legitimidade, tem a legitimidade dele como tem Vítor Baía, que me dizem que também quer.

Também haveria uma legitimidade sua.

Sim, mas, neste momento, não é uma situação que eu coloque.

Disse que para si este assunto é um tabu. Porquê este tabu? É uma questão de respeito por Pinto da Costa?

É uma questão de respeito por Pinto da Costa. Eu sou presidente da câmara, tenho três anos e meio de mandato pela frente.

Teria de desistir?

Não posso ser presidente da Câmara do Porto e andar a concorrer a eleições no FC Porto.

Mas as eleições só são em 2024...

Não sei quando são as eleições.

E se os adeptos quiserem muito que seja candidato?

Nunca sabemos o que é que os adeptos querem. Há uma mística no futebol especial. Os adeptos neste momento se calhar votam assim relativamente a essa sondagem, que acredito que tenha sido bem-feita pelo jornal A Bola, porque não gostam que o FC Porto tenha vendido dois jogadores. Se calhar, amanhã, o Porto ganha ao Benfica e os adeptos no dia seguinte vão cantar todos ‘Pinto da Costa Olé! Pinto da Costa Olé!’ e a sondagem no dia seguinte é diferente. O futebol é uma religião em que os milagres ocorrem ou não ocorrem conforme a bola bate na barra ou entra na baliza. Não há verdadeiramente esse chamamento.