Luis Montenegro teceu duras críticas ao Governo no discurso que proferiu no primeiro dia do 40.º Congresso do PSD e disse acreditar que a autoridade de António Costa "está ferida de morte".

O próximo líder social-democrata classificou como "balbúrdia" a polémica no novo aeroporto de Lisboa com o ministro das Infraestruturas e Habitação e pediu várias explicações.

"Conhecia o conteúdo desta decisão ou não? Ou isto é mesmo roda livre?", questionou.

O futuro presidente do PSD considerou que, independentemente da resposta, "é gravíssimo".

"Há muitas perguntas sobre este assunto que precisam de resposta para que não restem duvidas. Mas já não há dúvidas da infantilização que este processo trouxe ao Governo e às instituições democráticas", ironizou.

Luís Montenegro apontou que o Executivo "anda desnorteado, desfocado do essencial" e o primeiro-ministro "distraído".

E que esta polémica coloca em causa a própria "dignidade" do Governo.

"O ministro Pedro Nuno Santos finalmente conseguiu pôr as pernas a tremer a alguém, mas não foi a um credor, foi ao primeiro-ministro. Não há explicação para ele continuar no Governo depois de ter feito aquilo que fez", defendeu.

Já sobre uma eventual decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa, Montenegro anunciou que vai transmitir "pessoalmente" a Costa a opinião do PSD.

Recordar o passado para "reconquistar" o futuro

Luís Montenegro disse estar "focadíssimo" no futuro e prometeu "reconquistar a confiança dos portugueses".

Num discurso que começou em jeito de retrospetiva dos erros do passado, quer do PS na governação, quer do PSD na oposição, o futuro líder social-democrata começou por recordar Francisco Sá Carneiro e como a figura histórica desafiou o partido "a afirmar-se como o partido alternativo do Socialismo e do PS".

De seguida, Luís Montenegro apontou que, nos últimos 27 anos, "o PS governou 20".

"Será cada vez mais difícil recordar a grande década de desenvolvimento social e económico que foi a década dos governos de Cavaco Silva", disse, não esquecendo de enaltecer os esforços das governações de Durão Barroso, Santana Lopes e do governo "patriótico" de Pedro Passos Coelho.

"Nestes 27 anos de quase hegemonia socialista, tivemos um pântano, uma pré-bancarrota e agora um empobrecimento cada vez mais evidente. Três ciclos de governação socialista que teve um totalista: António Costa", criticou.

O social-democrata referiu que, neste momento, os serviços públicos essenciais nem sequer estão numa "situação de normalidade" e acrescentou os problemas dos "baixos salários e pobreza a juntar a uma quantidade asfixiante de impostos".

No entanto, Luís Montenegro também olhou para os erros do PSD, para perceber como é que os socialistas "continuam a ganhar eleições".

"Algumas coisas têm de estar mal connosco. Não são os eleitores que estão errados. Somos nós que não estamos a conseguir convencer", defendeu.

Para combater esse problema, o futuro líder do PSD prometeu "qualificar e abrir mais o PSD", promover "um diálogo mais estreito com os portugueses" e a valorização dos militantes do partido.

"Não podemos agredir aqueles que dão cara por nós", reiterou.

Luís Montenegro diagnosticou ainda que "tem faltado a oportunidade de esclarecer as ideias" do PSD e garantiu que será a "locomotiva da relação direta com as populações".

"A partir de setembro, passarei por mês, uma semana num distrito", anunciou.