O general Arnaut Moreira considera que “a Ucrânia não está disponível, pelo menos para já, para trocar paz por território”.

É a leitura feita pelo militar português, numa altura em que se assinalam 100 dias desde o início do conflito militar.

Arnaut Moreira diz que, neste momento, trocar paz por território seria “o fim político de Zelensky”, pois, argumenta, “o território perdido não é território definitivamente perdido”, dando como exemplo o controlo de cidades no Donbass.

Nestas declarações à Renascença, Arnaut Moreira explica que para assumir completamente o controlo dos territórios que vão conquistando, as tropas russas têm de permanecer com efetivos nas cidades.

O militar lembra que depois da conquista do terreno segue-se “uma fase de permanência de forças militares em apoio das autoridades administrativas que consome imensos recursos”.

Num olhar sobre os dois lados da guerra, Arnaut Moreira diz não ser possível afirmar que um dos lados é mais forte, destacando pontos positivos de ambos os lados.

“Do lado russo há dois factos a assinalar: a conquista do controlo de Mariupol e de Kherston. Do ponto de vista ucraniano, há também vários aspetos: a capacidade de defender, quer Kiev, quer Kharkiv que foi absolutamente extraordinária e obrigou a Rússia a mudar a sua estratégia de ataque à Ucrânia”, explica.

Arnaut Moreira destaca ainda “a capacidade que a Ucrânia tem tido para não dar vitórias fáceis, isto é, mesmo quando concede território a concessão desse território é sempre feita à custa de imensas baixas para os russos quer de pessoal quer de material”.

Questionado sobre se o conflito ainda pode prolongar-se por muito tempo, Arnaut admite que pode levar anos, embora reconheça que a Rússia já está a sofrer economicamente.

“A Rússia esperava uma vitória muito rápida, mas vai perder os seus melhores clientes e isso terá consequências e impactos muito sérios naquilo que é a economia russa e, sobretudo, na capacidade da economia russa sustentar esta guerra”, remata.