10 mar, 2022 - 18:47 • André Rodrigues
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As maternidades não são alvos militares, mas esta quinta-feira, os hospitais materno-infantis de Kharkiv e Zhytomyr estiveram debaixo de intensos bombardeamentos. E ontem, soube-se através do Fundo das Nações Unidas para a População, três pessoas morreram no ataque ao hospital pediátrico de Mariupol.
Mas porquê uma maternidade? “Extremistas ucranianos”. A justificação foi dada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, após o encontro com o seu homólogo ucraniano em Antalya, na Turquia.
O chefe da diplomacia de Moscovo referiu que a maternidade de Mariupol “foi tomada há muito tempo pelo batalhão de Azov e outros radicais".
A afirmação foi proferida antes, ainda, de o porta-voz do ministério da Defesa de Moscovo ter alegado que o ataque ao hospital pediátrico de Mariupol teria sido, afinal, uma “provocação encenada” pela Ucrânia.
Seja como for, a cimeira diplomática de Antalya terminou sem avanços visíveis no sentido de uma trégua.
Se a paz falhou no encontro mediado pelos turcos, Dmitro Kuleba responsabiliza Lavrov por ter-se mostrado “mais disponível para conversar do que para decidir”, sem prejuízo de fazer chegar ao Presidente Putin as revindicações do lado de Kiev.
Em causa está o pedido do Governo da Ucrânia para que seja decretado um cessar-fogo de 24 horas para permitir a abertura de um corredor humanitário em Mariupol, a cidade portuária do sul da Ucrânia onde a situação dos cerca de 400 mil civis é mais dramática.
“Infelizmente, o ministro Lavrov não estava em condições de se comprometer com isso”, lamentou o MNE ucraniano. “Há outros decisores para este assunto na Rússia”, rematou.
Já Serguei Lavrov continua a negar que a ação russa na Ucrânia seja um ataque ou uma invasão e deixou a garantia de que não há planos para intervir militarmente noutros países.
“Avisámos que estávamos numa situação que constituía um risco para a segurança da Rússia, mas ninguém nos deu atenção”, disse o MNE russo, ao mesmo tempo que lamentou o que classificou como “russofobia” nos media ocidentais, patrocinada e orientada pelos Estados Unidos.
E há um dado que pode marcar o início de uma contagem decrescente para o final do conflito: a Ucrânia admitiu abdicar da adesão à NATO, se a ONU – Rússia incluída – garantirem a Kiev um quadro de segurança com eficácia equivalente ao da Aliança Atlântica.
Entretanto, quem consegue sair da zona de guerra vai chegando aos países de destino e, esta quinta-feira, Portugal viu aterrar 267 refugiados ucranianos em Figo Maduro.
“São tão portugueses quanto os portugueses”, fez questão de notar o Presidente da República, que confirmou que “dentro de dias existirá uma operação idêntica”, que poderá repatriar alguns dos 200 portugueses e luso-ucranianos, que permanecem no país.
"Há um coração imenso"
Presidente da Cáritas Portuguesa diz que falta “or(...)
Localmente, há respostas que se preparam para quem há de chegar em fuga da guerra. O concelho de Castelo Branco está pronto para acolher, já, 130 refugiados ucranianos que podem ajudar a preencher necessidades imediatas de mão de obra em setores como a hotelaria, restauração e algumas áreas fabris.
Mas, à boa vontade dos portugueses para ajudar, a Cáritas deixa um aviso: não basta ter um "coração imenso", porque falta “orientação” no acolhimento aos cidadãos ucranianos. Rita Valadas não esconde a sua preocupação com o que diz ser a "descoordenação de meios" que cabe ao Governo resolver.
Todos os dias, aumenta o número de pedidos de proteção internacional que entram em Portugal. De acordo com o SEF, até hoje, o Governo português concedeu 5.213 pedidos de proteção temporária a pessoas vindas da Ucrânia.