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Guarda

03 out, 2019 - 12:23

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Um estudo da Entidade Reguladora da Saúde, de 2016, aponta que Portugal tem a maior taxa de cuidados domiciliários informais da Europa, a menor taxa de prestação de cuidados não-domiciliários e uma das menores taxas de cobertura de cuidados formais. Em julho deste ano, foi aprovado o estatuto de cuidador informal, que prevê a possibilidade de os cuidadores terem períodos de descanso, construírem uma carreira contributiva e obterem apoios financeiros ainda não definidos. Dora é mãe de um adolescente com 99% de incapacidade, mas recusa-se a baixar os braços no que toca aos cuidados de saúde que considera aceitáveis para o filho. Colocou de lado a hipótese de ser cuidadora a 100%, por considerar não ser saudável nem para ela nem para o filho, e por isso mantém o seu trabalho como esteticista.

Por norma, os portugueses não se indignam e não protestam

Também cabe ao cidadão exigir qualidade da parte dos serviços do Estado. Somos pouco exigentes com quem nos presta serviços. Se amamos os nossos filhos e lhes damos o nosso melhor, temos de exigir às instituições que lhes deem o mínimo aceitável. Muitas vezes não se exige essa qualidade e parece que o que interessa é apenas ter vaga. A responsabilidade de um pai também passa por exigir cuidados de saúde de qualidade para os seus filhos. Por norma, os portugueses não se indignam e não protestam perante as instituições.

O trabalho de um cuidador informal não deve ser tarefa de uma só pessoa

Não é saudável para ninguém ficar a cuidar, a tempo inteiro, de um familiar com necessidades especiais ou doente. Dedico muito tempo ao meu filho, mas consigo estar mais presente e com mais cabeça para cuidar dele se tiver algum período do dia sem ele. Dantes dizia que o meu filho não dava trabalho, mas depois de ter uma segunda filha reconheço que é muito cansativo cuidar de uma criança dependente. O trabalho de um cuidador informal não deve ser uma tarefa para uma só pessoa.

Sei que numa instituição o meu filho não vai ter os cuidados de que precisa

É necessário haver instituições em condições com pessoas vocacionadas para as crianças com necessidades especiais, mas os números e o gasto financeiro sobrepõem-se à pessoa. O meu filho, que está inserido no ensino regular, frequenta uma turma de cinco alunos com muitas necessidades e tem apenas uma professora. Não percebo como é possível uma só pessoa cuidar de cinco crianças com necessidades especiais, porque sei o trabalho que o meu filho dá. Não é viável. Acaba por se colocar as crianças numa cadeira sem fazerem nada e a isso não se pode chamar integração. Por esse motivo é que não quero pôr o meu filho numa instituição, porque sei que ele não vai ter os cuidados de que precisa.

O Estado não queria gastar dois milhões numa vacina, mas investe mais no resgate de bancos

A situação da menina Matilde foi revoltante. O Estado não queria gastar dois milhões numa vacina que podia salvar uma vida, mas investe milhares de milhões no resgate de bancos que deixam afundar. Porque é que o contribuinte tem de pagar o resgate de bancos? A juntar ao facto de que a Justiça não é igual para todos. Os políticos deviam responder perante a Justiça como qualquer outra pessoa, mas há a perceção de que não é assim que funciona. Quando se fala de um crime de um cidadão fala-se em "roubo", quando é um político fala-se em "desvio". Até as palavras são diferentes.

Revolta-me que o Estado financie as campanhas dos partidos

Há uma elevada abstenção porque os portugueses deixaram de acreditar nos políticos. O sentimento é de que os Governos não nos governam, desgovernam-nos. Sinto revolta por haver financiamento do Estado para as campanhas dos partidos, fica a sensação de que fazem o que querem com o dinheiro das contribuições dos portugueses. Isso gera muita revolta e descrença nos políticos.

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