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Guerra na Ucrânia. "As máfias estão a operar. Assisti a uma jovem 18 anos a ser aliciada"

16 mar, 2022 - 16:45 • Celso Paiva Sol, com redação

Em declarações ao programa Casa Comum, da Renascença, o autarca Miguel Pinto Luz, que participou numa missão humanitária, relata um caso que testemunhou na Roménia durante a operação para trazer refugiados para Portugal.

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Guerra, crise humanitária e económica
Casa Comum - ouça o programa na íntegra

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O vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz, que participou numa missão para resgatar refugiados ucranianos, denuncia que as máfias de tráfico de seres humanos estão a aproveitar-se da guerra na Ucrânia.

Em declarações ao programa Casa Comum da Renascença, o autarca social-democrata relata um caso que testemunhou na Roménia durante a operação para trazer refugiados para Portugal.

“Eu assisti na primeira pessoa. Os grupos de WhatsApp que circulam na Roménia com ofertas absolutamente falsas, de que o Governo alemão oferecia este mundo e o outro, havia mensagens falsas sobre aquilo que a missão de Cascais oferecia."

“Essas redes estão a operar. Eu assisti a uma jovem de 18 ou 19 anos a ser aliciada por várias pessoas, quase a regatear: ‘Se vieres comigo eu dou-te isto, isto e isto’, outra oferecia aquilo. As máfias na Roménia estão a operar. A Máfia romena é conhecida e nós assistimos na primeira pessoa a isso a acontecer no terreno e é dramático”, denuncia Miguel Pinto Luz.

Nestas declarações ao programa Casa Comum, o vice-presidente da Câmara de Cascais critica o que diz ser a falta de coordenação na resposta à crise humanitária.

“Vê-se muito a sociedade civil de forma espontânea, veem-se autarquias a fazer de forma autónoma este tipo de movimentos. Se houvesse coordenação europeia e coordenação governamental, tínhamos muito mais impacto e muito mais rapidamente”, sublinha.

Miguel Pinto Luz explica que a missão da Câmara de Cascais partiu para a fronteira com a Ucrânia com “muito improviso e paixão”, porque no terreno a situação é caótica.

“Eu e a minha equipa fomos para lá sem passaportes diplomáticos, não temos acesso privilegiado a nada, tivemos que lutar, conquistar o nosso espaço, encontrar as redes. Montámos dois centros de receção de refugiados, fomos buscá-los à fronteira e depois foram colocados nesses dois centros. Foi um trabalho de terreno, com muita preparação em Portugal, mas de muito improviso e paixão.”

“A Europa tem nos últimos anos demonstrado que não é coordenável, não consegue coordenar, não consegue ser rápida a responder. Falhou na crise financeira, na crise dos refugiados em 2015, na pandemia, e agora parece que está a ter uma resposta coletiva, afirmativa, mas no que diz respeito aos refugiados que nos chegam, não há coordenação e isso falta”, remata Miguel Pinto Luz.

O vice-presidente da Câmara de Cascais regressou na segunda-feira da Roménia. Esta missão portuguesa trouxe um grupo de 229 refugiados.

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  • Cidadao
    16 mar, 2022 Lisboa 20:23
    Abatam esses abutres humanos, logo que os identificarem. Já não basta a desesperada situação das Ucranianas, e essa bandidagem ainda se quer aproveitar.

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