Maria Durão, vocalista dos Simplus, trabalha actualmente no Vale de Acór onde acompanha toxicodependentes e alcoólicos em recuperação. É um mundo onde a misericórdia se vê em cada olhar.
Muitos católicos apenas entram em contacto com os santos já estes foram canonizados, pelo que se pode pensar que as pessoas em causa sempre foram assim. Mas não foram. Por detrás de cada auréola existe uma história, um processo de formação. A chave, segundo Maria Durão, vocalista dos Simplus, está na capacidade de receber misericórdia.
“Pensamos normalmente em como eles são misericordiosos, como são perfeitos e fazem bem, mas a mim impressiona-me como tudo o que eles são, tudo o que vem para fora, é porque primeiro receberam. Vê-se muito isso na Madre Teresa de Calcutá, mas vê-se em todos os santos, que o primeiro trabalho deles, a primeira preocupação, é receber.”
“Eles são santos porque são campeões a receber. Acho que os santos são o resultado de anos e anos a acolher e depois, quase sem o planear, dão por si santos, dão por si a agir de uma maneira diferente, há uma mudança de vida”, diz a cantora.
“Os Santos e a Misericórdia” é precisamente o título do sexto guião da Santa Sé para acompanhar o jubileu proclamado por Francisco para este ano. Publicado em Portugal pela Paulus, o pequeno livro inclui resenhas biográficas de vários santos e passagens que fazem a ligação entre as suas vidas e o tema da misericórdia.
Teresa de Calcutá está longe de ser a única, mas é talvez aquela com quem mais pessoas se identificam, apesar de ainda não ter sido oficialmente canonizada, o que certamente contribuiu para que o Papa a escolhesse como um dos cinco santos do jubileu.
É também para a música que a cantora se vira quando se lhe pede uma referência que remeta para a ideia de misericórdia. Neste caso o escolhido é Tiago Bettencourt, nomeadamente a sua música “O Lugar”.
“Quando ouço a música faz-me pensar neste lugar onde somos abraçados com aquilo que somos, mas onde somos elevados de novo à nossa dignidade. Ele tem uma frase que é ‘onde tudo morre, tudo pode renascer’ e foi isto que me tocou. Mesmo que não seja propositado, é uma música que me lembra sempre esta mudança que a misericórdia traz à vida das pessoas. Onde tudo parece estar a morrer, onde parece já não haver possibilidade… Na verdade não é assim.”
“Só que a solução vem de fora, não vem de nós, não vem do meu esforço de me vencer a mim própria. A verdade é que depois entra um olhar novo, este olhar de misericórdia, que me pode reconstruir sobre o meu mal e encaminhar-me para onde tenho de ir”, conclui.
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