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Eleições Europeias

Rosas regressa a Peniche para ajudar o Bloco a mostrar "o que foi o fascismo"

30 mai, 2024 - 15:03 • Filipa Ribeiro e Lusa

O historiador e fundador do partido guiou Catarina Martins numa visita ao forte de Peniche, onde esteve preso, para ajudar a cabeça de lista do Bloco de Esquerda a realçar a importância da memória.

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A cabeça de lista do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, voltou esta quinta-feira a atacar a extrema-direita europeia, que considera ser o "braço de Vladimir Putin", e não poupou o regime israelita de Benjamin Netanyahu.

Em visita ao forte de Peniche, Catarina Martins foi guiada pelo historiador Fernando Rosas, fundador do partido e que esteve preso no local durante o início da década de 70, que a ajudou a realçar a importância da memória, durante uma visita guiada ao Museu Nacional Resistência e Liberdade.

"Era um regime que se destinava a acabar com as pessoas, as pessoas vinham para Peniche cumprir longas penas e eram punidas por isso, sem saber quando saíam", considerou Fernando Rosas, com Catarina Martins a acrescentar: "a ideia era quebrá-las".

Catarina Martins lembrou que "houve quem quisesse transformar o forte de Peniche num hotel", que agora é museu, para mostrar "o que foi o fascismo, o que foi a coragem da luta antifascista, o que foi a revolução".

"E esta memória é extraordinariamente importante para fazermos escolhas sobre a Europa e sobre o mundo", salientou.

A candidata ao Parlamento Europeu voltou a lançar críticas à extrema-direita "financiada por Vladimir Putin". "Tenho dito que a extrema-direita é sim adversária e que a queremos derrotar. Tenho dito também que há uma ditadura e um centrão que tem feito com que este caminho da extrema-direita seja possível", lamentou.

Apontando que o regime israelita de Benjamin Netanyahu "é de extrema-direita", Catarina Martins voltou a apelar ao reconhecimento pelo estado português do estado da Palestina, dizendo que a posição de Portugal "é insuportável".

"Dizer que não se reconhece porque ainda é cedo, não sei se estão à espera que esteja toda a gente morta ou exilada para finalmente reconhecerem o estado da Palestina", lamentou.

Nas várias celas do forte, por onde passaram mais de dois mil presos políticos durante o regime fascista de Salazar, existia um balde onde eram feitas as necessidades, que apenas no dia seguinte era despejado.

"Mas atenção: durante muitos anos, nos anos 50 aqui não havia água corrente, porque a água não chegava cá. Os presos tinham que ir buscar a água a um poço lá fora e essa água é que servia para as necessidades higiénicas. Vocês vão ver uma casa de banho toda bonitinha mas que na verdade não tinha água corrente", que apenas chegou no final dos anos 60, contou Fernando Rosas.

Para muitos, a ida ao poço era "uma maneira de apanhar ar, ver o mar", depois de tantas horas fechados, gracejou.

O historiador contou ainda a história da célebre fuga coletiva do forte de Peniche, em janeiro de 1960, simulando por cima do ombro de Catarina Martins o gesto do guarda prisional subornado, que com um capote tapou todos os que nesse dia fugiram da prisão.

Com uma corda feita de lençóis e entre algumas peripécias, os presos conseguiram fugir, porque "a sorte protege os audazes".

"Precisamos de saber que estes fascismos que surgiram em vários tempos da História sempre a dizer que queriam libertar os povos acabaram sim a torturar os povos, nem mais nem menos do que isto. É por isso que achamos que a memória tem que estar presente nesta campanha porque queremos olhar o futuro e queremos um futuro que seja de esperança e não de medo", apelou Catarina Martins.

Horas mais tarde, num almoço comício no Entroncamento, distrito de Santarém, Catarina Martins acusou a União Europeia de hipocrisia sobre a Palestina e "eurocinismo máximo", considerando que ou a União tem um projeto de proteção dos direitos humanos "em todos os lugares" ou "não tem futuro".

O número dois da lista e eurodeputado, José Gusmão, criticou as novas regras orçamentais da UE, opondo-se ao "livre arbítrio e discricionariedade com que a Comissão Europeia vai poder atuar nos próximos anos", e atirou aos candidatos da Aliança Democrática, PS e IL, lembrando que estas regras foram "acordadas entre socialistas, liberais e direita".

Em Portugal, as eleições europeias realizam-se em 09 de junho e serão disputadas por 17 partidos e coligações: AD, PS, Chega, IL, BE, CDU, Livre, PAN, ADN, MAS, Ergue-te, Nova Direita, Volt Portugal, RIR, Nós Cidadãos, MPT e PTP. Serão eleitos 21 deputados.

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  • ze
    30 mai, 2024 aldeia 15:15
    Como historiador deveria saber que nunca tivemos fascismo, tivemos 40 anos de Salazarismo, e já agora porque não fala da história de Estaline que matou mais pessoas que o Hitler no holocausto?

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