Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

XXIV Governo

Mais velho, mais "prata da casa" e menos mulheres. Anatomia do novo Governo

29 mar, 2024 - 03:41 • Diogo Camilo

Executivo de Montenegro é o mais envelhecido dos últimos 25 anos, com uma média de idades de quase 55 anos. Entre os 17 ministros estão sete mulheres, um novo máximo em governos de direita, mas abaixo dos últimos dois governos de António Costa. Quase metade do Governo pertence à Comissão Permanente do PSD e há apenas quatro independentes.

A+ / A-

Veja também:


Luís Montenegro prometeu reconciliar-se com os idosos durante a campanha para estas legislativas e começou a cumprir logo na hora de apresentar os nomes do novo Governo. O executivo é o mais velho dos últimos 25 anos, com uma média de idades de quase 55 anos. Em relação ao último de António Costa, o novo Governo “envelheceu” quase quatro anos.

A lista de nomes que Luís Montenegro apresentou ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esta quinta-feira, em Belém, inclui 17 nomes, sete deles mulheres. Entre os ministro há 12 militantes do PSD, quatro independentes e o líder do CDS, Nuno Melo.

O Governo mais velho dos últimos 25 anos

Em comparação com o Governo anterior, o número de ministros é semelhante: António Costa vai terminar funções com 17 ministros ao seu lado, depois da demissão de João Galamba, em novembro do ano passado, e da criação do Ministério da Habitação, em janeiro de 2023.

No entanto, numa análise da Renascença aos Governos que tomaram posse desde 1999, este será o executivo com maior média de idades dos últimos 25 anos: 54,6 - sete anos mais velho que o Governo de Passos Coelho que tomou posse em 2011.

Luís Montenegro baixa ligeiramente a média, com 51 anos feitos em fevereiro, mas cinco sexagenários pesam numa balança onde só está uma ministra com menos de 40 anos: Margarida Balseiro Lopes, a ministra da Juventude e Modernização, que tem 34.

Entre os "anciãos" do novo Governo estão, com 68 anos, Maria da Graça Carvalho, que foi ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior de Durão Barroso há mais de 20 anos, além de Castro Almeida, ministro Adjunto e da Coesão Territorial, com 66, e Margarida Blasco, ministra da Administração Interna, também com 66 anos.

A juntarem-se a estes Rosário Palma Ramalho, ministra do Trabalho, e Dalila Rodrigues, ministra da Cultura, ambas com 63 anos.

Comparado com o último Governo que tomou posse, em 2022, o executivo envelhece quase quatro anos: o anterior tinha uma média de idades de 51,3 anos.

Este Governo tem uma média de idades semelhante à do primeiro de António Costa, em 2015, que tinha 53,9 anos, e ao último de José Sócrates, em 2009, com uma média de idades de 54,3 anos.

Em comparação com o primeiro Governo de Pedro Passos Coelho, de coligação PSD/CDS, o executivo de Luís Montenegro é sete anos mais velho. Na altura, o governo da PàF tinha uma média de idades de 47 anos.

Governo de Montenegro é o terceiro com mais mulheres

Quebrada a tendência histórica de não existirem ministras nos Governos, com a nomeação de Leonor Beleza como ministra da Saúde por Cavaco Silva em 1985, desde então que a representação do sexo feminino no Conselho de Ministros se tem vindo a notar.

O último executivo foi o primeiro a ter mais mulheres que homens - 9 ministras e 8 ministros - enquanto o Governo socialista que tomou posse em 2019 já tinha na lista oito mulheres.

Abaixo deste número, mas acima de todos os governos de direita até então, Montenegro apresentou sete ministérios liderados por mulheres: Rita Júdice na Justiça, Margarida Blasco na Administração Interna, Ana Paula Martins na Saúde, Rosário Palma Ramalho no Trabalho, Graça Carvalho no Ambiente, Margarida Balseiro Lopes na Juventude e Dalila Rodrigues na Cultura.

Até agora, o Governo de PSD com maior representação feminina tinha sido o último de Passos Coelho, que durou menos de um mês em 2015, com quatro mulheres.

Na história da democracia portuguesa, houve seis executivos com 17 ministros, sem contar com o primeiro-ministro, e só quatro, num total de 23, tiveram um número superior.

O último Governo de Aníbal Cavaco Silva (1991-1995), o primeiro de António Guterres (1995-1999) e o executivo de Santana Lopes (2004-2005) tomaram todos posse com 18 ministros. Já o XXII Governo Constitucional (2019-2022), o segundo de António Costa, iniciou funções com 19 ministros, o maior número na história da democracia portuguesa.

Em termos de igualdade de género, o executivo apresentado por Luís Montenegro ao Presidente da República é o terceiro mais paritário da história da democracia portuguesa, com 41% da equipa governamental composta por mulheres, menos do que os últimos dois executivos.

Executivo de direita volta a ter menos independentes

Como tem sido habitual em governos anteriores, o PSD optou pela “prata da casa” na hora de nomear ministros: dos 17 escolhidos, 12 são do próprio partido e um do CDS.

Contando com o presidente do PSD e primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro, e com os membros que integram a comissão permanente como convidados, oito dos seus 13 elementos fazem parte do futuro executivo, incluindo quatro dos seis vice-presidentes.

Assim, além de Luís Montenegro, serão ministros os vice-presidentes Paulo Rangel, Miguel Pinto Luz, António Leitão Amaro e Margarida Balseiro Lopes.

O ainda líder parlamentar, Joaquim Miranda Sarmento, o coordenador do Conselho Estratégico Nacional (CEN), Pedro Duarte, e o coordenador do movimento Acreditar, Pedro Reis, são os restantes membros da atual Comissão Permanente do PSD que serão ministros.

Na lista estão três dos seis atuais eurodeputados do PSD: Paulo Rangel, que será ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Maria da Graça Carvalho, ministra do Ambiente e Energia, e José Manuel Fernandes, ministro da Agricultura e Pesca.

Sobram apenas quatro independentes, menos dois que no anterior Governo. São eles Margarida Blasco, com a pasta da Administração Interna, Fernando Alexandre, ministro da Educação, Ciência e Inovação, Rosário Palma Ramalho, ministra do Trabalho, e Dalila Rodrigues, com a Cultura.

Além destes, o centrista Nuno Melo, parte da coligação com que o PSD venceu as eleições, recebe o Ministério da Defesa.

O número de ministros independentes no novo Governo é semelhante ao do primeiro de Passos Coelho, entre 2011 e 2015, mas fica abaixo dos executivo de Santana Lopes.

Do lado contrário, os Governos de António Guterres, José Sócrates e António Costa não olharam tanto às cores do partido na hora de nomear ministros: os executivos de 2005 e 2009 foram os que tiveram mais (oito).

No último Governo, entre os ministros independentes de António Costa estavam Helena Carreira, ministra da Defesa, Catarina Sarmento e Castro, ministra da Justiça, António Costa e Silva, ministro da Economia, Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura, Elvira Fortunato, ministra da Ciência e Ensino Superior, e Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial.

Saiba Mais
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • xico
    30 mar, 2024 lixa 11:22
    vai durar até ser traído pelo seu amigo ps,é uma questão de tempo.
  • ze
    30 mar, 2024 aldeia 09:11
    um governo a prazo.....até o ps querer.

Destaques V+