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De Évora à Polónia. Caravana humanitária está na estrada

10 mar, 2022 - 07:20 • Rosário Silva

Na bagagem seguem medicamentos, roupas e, sobretudo, alimentos, para deixar nos centros de apoio aos refugiados que estão instalados junto aos postos fronteiriços. Na volta, a missão espera trazer cerca de três dezenas de cidadãos ucranianos, entre mulheres e crianças.

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Os últimos detalhes da viagem são conferidos pelo grupo que agora vai para a estrada, rumo à fronteira da Polónia com a Ucrânia.

Rúben Leitão dá as indicações do percurso, esclarece dúvidas, apela a uma condução segura e confirma que todos estão na mesma sintonia. Afinal, são quase quatro mil quilómetros que deverão ser percorridos, se tudo correr bem, em menos de dois dias.

O empresário de 35 anos, proprietário de um stand de automóveis, na cidade de Évora, é o impulsionador desta “aventura”, que pretende trazer para Portugal, ucranianos que fogem da guerra.

Em muito pouco tempo, com a ajuda da família e de amigos, Rúben conseguiu sete carrinhas e 14 pessoas que se voluntariaram para as conduzir, numa operação que o surpreendeu.

“Não estava à espera de tanta adesão, mas criei esta iniciativa com o coração, pois sempre fui de ajudar e estas situações tocam-me muito, logo não conseguia estar sem fazer nada”, refere, à Renascença, no corrupio de ultima hora.

A “caravana humanitária” partiu, esta noite de quarta-feira, em direção ao posto fronteiriço rodoviário Hrebenne (Polónia) – Rava-ruska (Ucrânia).

Levam medicamentos, roupas e, sobretudo, alimentos, para deixar nos centros de apoio aos refugiados que estão instalados junto à fronteira. Na volta, a comitiva espera trazer cerca de três dezenas de pessoas, entre mulheres e crianças.

“As pessoas que vamos trazer, ou têm familiares cá, ou já tiveram algum contacto com famílias que os possam acolher. São de vários pontos país, não especificamente de Évora ou do Alentejo, depois temos que as fazer seguir para os seus destinos”, conta Liana Shavchiy.

A luso-ucraniana vive em Portugal há 17 anos. Chegou ao Alentejo, com os pais, quando tinha 10 anos. Atualmente, a fazer um doutoramento, reparte a sua vida entre o nosso país e a Alemanha.

Quis o destino, para quem nele acredita, que estivesse em Portugal quando começou a invasão militar. “Estava em Lisboa, vim logo ter com os meus pais para poder ajudar no que fosse preciso”, afirma.

Imediatamente, tomou a dianteira e, juntamente com o sacerdote ucraniano que apoia as comunidades nas dioceses de Évora e de Beja, organizaram um movimento de apoio à Ucrânia que já recolheu várias toneladas de bens, parte dos quais já enviados para a Polónia.

Agora, é a vez de Liana se fazer à estrada, ao volante de uma sete das viaturas.

“Estou demasiado emocionada, visto ter lá parte da minha família que não quer regressar. Espero que tenhamos todos muita força, para suportar o que vamos lá ver na fronteira, pois acho que a imagem que vamos ver é muito pior da que imaginamos”, confessa.

Na caravana segue também Nicola. Tem 32 anos e está em Portugal há dois. Veio de Benavente, de propósito, para se juntar a esta missão. Deixou o trabalho na construção civil, a namorada e os pais. Não fala português, por isso é o pai, Ivan, que consegue dizer algumas palavras, para explicar por que razão o filho vai, mas não regressa: “Vai para a guerra para defender o nosso país”.

Nicola vai juntar-se aos milhares de voluntários que lutam contra as tropas russas, por uma pátria livre. Até lá, de coração apertado, o ucraniano e todos os que seguem na missão, percorrem 3.800 quilómetros animados pela esperança.

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