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Guerra na Ucrânia

Padre em Kiev. “Sem esperança, quem aguenta uma situação destas?”

08 mar, 2022 - 12:59 • Ângela Roque

Paróquia na capital ucraniana abriga 24 pessoas, mas já acolheu 35 e algumas já seguiram para outros países. À Renascença, o padre Lucas fala da esperança que a fé ajuda a manter. “É o mais importante”, diz o sacerdote brasileiro, que não pretende deixar Kiev. Diz que a sua vida “está nas mãos de Deus”, que também se revela na guerra. E acredita que “até o Putin se pode salvar”.

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Lucas Perozzi Jorge é natural de São Paulo, no Brasil, mas vive desde 2004 na Ucrânia e, para já, não pensa sair do país. O sacerdote, do Caminho Neocatecumenal e do seminário Redemptoris Mater de Kiev, é vigário da Igreja da Dormição da Santíssima Virgem, onde residem mais três padres e muitas famílias têm procurado abrigo. São acolhidas numa parte segura do edifício, onde não falta luz, nem aquecimento.

“As pessoas vêm e vão. Famílias. Chegámos a estar aqui 35 pessoas, algumas já saíram para outros países. Agora estamos aqui 24”, confirma à Renascença no breve telefonema que atendeu nesta terça-feira de manhã. Diz que na zona onde reside as bombas ainda caem ao longe – “aqui, a guerra ainda não entrou” – e que para já não passam dificuldades.

“Não, não falta nada por enquanto. As forças russas ainda não entraram aqui. Temos água, luz, alimentos, porque recebemos muita ajuda”, sobretudo da Polónia, de Espanha e de Itália.

O sacerdote garante que também a ajuda espiritual assegurada pela Igreja tem sido fundamental, e que as pessoas ainda não perderam a esperança de que a guerra vai acabar. “A esperança é, como dizem, a última que morre. Sem esperança, quem aguenta uma situação destas? É o mais importante, poder ver que Deus é bom, até mesmo no meio da guerra”.

Conta que consigo vivem na paróquia mais três padres do Redemptoris Mater: um polaco, um bielorusso e um espanhol. Nenhum tenciona partir. “Para nós, é bem claro que a decisão da nossa vida está nas mãos de Deus. Não é somente a esperança em que a guerra vai acabar e vai ficar tudo bem, como nos filmes. Ficará tudo bem, mesmo se o Senhor me chamar para ir com Ele, ou seja, mesmo que tenhamos de passar pela morte. Isso também está nas mãos de Deus e também nos conforta bastante”, sublinha.

E o que diria a quem está a fazer a guerra? “Diria que a nossa vida é passageira e que Deus nos ama como somos”, responde o padre Lucas, que deseja “que a esperança de Deus se revele no meio desta situação às pessoas que não acreditam nele, para que possam ser salvas também. Eu tenho esperança de que até o Putin pode se salvar!”.

E termina manifestando o desejo: “que, através da guerra, Deus toque e mude o coração das pessoas. Porque se acaba esta guerra sem mudar o coração das pessoas, se o Homem não conseguir viver em comunhão, outra guerra vai surgir, tudo para separar e destruir o Homem”.

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