O Cardeal Patriarca deixou, nesta segunda-feira à noite, uma mensagem “de presença, de companhia, de oração" ao povo ucraniano.

"Para aqueles que são crentes, é muito importante esta contribuição espiritual, de acolhimento. E cá estamos para o que for preciso!”, afirmou D. Manuel Clemente aos jornalistas à entrada para a vigília de oração que juntou centenas de pessoas na Igreja de São Domingos, junto ao Rossio, em Lisboa.

“Estamos aqui para dizer que estamos com os nossos amigos da Ucrânia: aqueles que estão em Lisboa – e não são poucos – e no nosso país, e aqueles que neste momento mais sofrem com esta invasão russa. E estamos com eles da melhor maneira que podemos estar: presentes, acolhedores, participativos em tudo aquilo que for preciso para a ajuda material, mas também como crentes com uma ajuda que vem de dentro, do coração, espiritual”, afirmou.

O Cardeal Patriarca lamentou que politicamente os campos estejam extremados, mas garante que “humanamente não estão”, como se tem visto nas diversas expressões de solidariedade que têm surgido, por isso considera tão importante a iniciativa desta noite. E sublinhou a ajuda que já está a ser dada através das Cáritas, tanto lá, onde a guerra se faz, como aqui em Portugal, onde já decorre uma campanha solidária, e tudo está a ser preparado para acolher quem chegar.

“Na Igreja temos as Cáritas, estas grandes organizações sóciocaritativas espalhadas pelo mundo, também na Ucrânia e países vizinhos, e também em Portugal. Aqui, quer as Cáritas diocesanas, quer a Cáritas Portuguesa no seu conjunto, mobilizam todos os esforços, não só para ajudar lá, mas para receber cá, e ajudar aqueles que cheguem a terem uma vida condigna nestes tempos difíceis, para se poderem reabilitar e, na medida do possível, poderem voltar à sua terra”.

O Cardeal Patriarca disse ainda esperar que a guerra se resolva “humanamente e com respeito mútuo” e não com “brutalidade”.

Já durante a homília da vigília lembrou que há “duas camadas” neste conflito, uma "mais superficial" - que resulta da própria guerra e da dor e sofrimento que provoca -, e outra "mais profunda", ligada à solidariedade da comunidade internacional, "onde a humanidade acaba por mostrar o melhor de si própria. Acreditamos que é neste nível mais profundo que as coisas podem resolver-se", afirmou, lembrando que "Deus é o último alicerce da paz".

"Haverá futuro para a Ucrânia e para todos os países assolados pela guerra. Com Deus o futuro vencerá", sublinhou.

Jovens pela paz

João Clemente, responsável pelo Serviço de Juventude do Patriarcado, explicou à Renascença que a iniciativa nasceu da vontade expressa por muitos jovens de Lisboa, que não estão indiferentes ao sofrimento dos jovens ucranianos.

“O que fomos sentindo nestes últimos dias, com todos os acontecimentos que estão a decorrer na Ucrânia, é que muitos tinham este desejo de se encontrar para, juntos, rezarem pela paz – daí esta iniciativa chamar-se ‘Jovens pela Paz’. É uma vigília de oração que tentámos que fosse uma proposta aberta a todos, e por isso estão hoje aqui presentes pessoas de outras confissões cristãs e até de outras religiões, para rezarmos e pedirmos pela paz”.

Uma paz que pedem também para o povo da Rússia, em particular os jovens, diz João Clemente, porque estão obrigados a lutar numa guerra que não querem.

“Estamos totalmente solidários com o sofrimento do povo ucraniano, destes jovens, que são obrigados a lutar sem o querem. Mas nesta vigília quisemos não rezar apenas pelo povo ucraniano, mas também pelos jovens russos que estão numa guerra que não queriam, nem desejam. Esta guerra é de muitos jovens, uns contra os outros, e queremos marcar também esta noite dizendo que os jovens não querem a guerra, os jovens querem a paz”.

Na vigília participaram representantes de outras confissões religiosas, nomeadamente da igreja presbiteriana, mórmons e hindus.

Esta foi uma iniciativa do Serviço de Juventude do Patriarcado de Lisboa em colaboração com o COD – Comité Organizador Diocesano da Jornada Mundial da Juventude.