O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, está "aberto ao diálogo" com António Costa e o Governo, depois de o primeiro-ministro ter desejado "diálogo construtivo" com o novo líder comunista.

Em entrevista à RTP, este domingo, Paulo Raimundo criticou o PS, que considera ter feito "de tudo para conseguir uma maioria absoluta". No entanto, mostrou-se disponível para dialogar com Costa.

"Não desperdiçaremos nenhuma oportunidade para garantir, por exemplo, que esta situação com que estamos confrontados, com o aumento brutal do custo de vida, tenha rapidamente uma alteração", frisou.

Ainda assim, criticou o que entende ser uma aproximação do PS aos partidos de centro e direita:

"Naquilo que são opções de fundo, as políticas do Governo do Partido Socialista, como se demonstra no Orçamento do Estado, correspondem às opções de fundo do PSD, do Chega e da Iniciativa Liberal."

Raimundo assumiu que o povo português "precisa de mais" PCP na Assembleia da República, onde o partido conta apenas com seis deputados.

Ir "mais longe" pelos direitos das pessoas


O novo secretário-geral do PCP prometeu "ir mais longe" na sua intervenção, centralizada em temas como o aumento do custo de vida, os salários e a pobreza.

"Nós estaremos onde for necessário para que os direitos das pessoas sejam consagrados. É preciso que haja resposta política para isso. E a única forma que os trabalhadores e o povo têm para exigir essa resposta é organizando-se, é lutando, é mobilizando-se", assinalou.

Questionado sobre a guerra na Ucrânia, tema em que o posicionamento do PCP, que se recusa a classificar a invasão russa como ilegítima, tem criado polémica, Paulo Raimundo mudou a canção, mas não o disco.

Segundo o novo secretário-geral comunista, "esse acontecimento é no seguimento de um conjunto de outros acontecimentos anteriores". Raimundo disse, ainda, que "as maiores responsabilidades" estão nos Estados Unidos, na NATO, na União Europeia e na Rússia.