Há duas eleições que o PS aumenta a sua dimensão autárquica. Tem 159 câmaras, a maioria absoluta dos municípios portugueses. Mas António Costa quer mais porque deseja que sejam socialistas a garantir a execução do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) e a preparar o caminho para a regionalização. Foi o que disse no encerramento do congresso do PS, que decorreu este fim de semana em Portimão.

“É fundamental que a maioria dos autarcas em cada região sejam autarcas do PS”, disse o líder socialista e primeiro-ministro, no discurso de encerramento da reunião. “Temos as políticas certas e as pessoas certas”, acredita Costa, que considera fundamental ter autarcas socialistas para fazer o que promete ser “o maior esforço de descentralização de competências e de recursos” para as autarquias.

Com mais competências nem matérias de educação, saúde e apoio social, as autarquias passam também a ter muito mais pode e meios no domínio da habitação, graças em grande parte aos 2,7 mil milhões do PRR para esse setor. “Ninguém nos perdoará se desperdiçarmos um cêntimo que seja”, avisou.

O primeiro-ministro lembrou que, já na legislatura em curso, as direções das comissões de coordenação regional (CCDR) passaram a ser eleitas pelos autarcas e a responder a eles e não ao poder central. E uma das atribuições da CCDR é preparar os planos para execução de fundos europeus, pelo que Costa considera fundamental ter maioria de socialistas em cada uma das cinco regiões.

Recados a Marcelo, elogios à esquerda

Costa começou o seu discurso de encerramento do 23.º congresso do PS com os habituais agradecimentos. Mas foi aproveitando cada agradecimento para ir enviando recados. Primeiro para o Presidente da República, representado por Rita Magalhães Colaço, a quem disse que transmitisse a Marcelo Rebelo de Sousa os votos socialistas de que, neste segundo mandato, “mantenha as caraterísticas que os portugueses tanto apreciaram no primeiro mandato”.

Seguiu-se, o Parlamento, representado pelo comunista António Filipe, um dos vice-presidentes, na pessoa do qual agradeceu a colaboração da Assembleia da República e de todos os partidos no combate à pandemia. E, depois, uma palavra, ainda que sem nomear partidos, para a esquerda.

“É com muito gosto que vejo aqui dois dos interlocutores mais exigentes, mas também mais produtivos com quem temos construído os melhores resultados”, disse o primeiro-ministro e líder do PS, antes de passar à primeira parte do seu discurso dedicada às eleições autárquicas. Na segunda parte, tratou de questões laborais e apoios sociais, anunciando medidas que vão ao encontro de várias pretensões dos seus parceiros de esquerda.