O Serviço de Atendimento Permanente (SAP) da Marinha Grande teve médico disponível durante apenas três dias no mês em curso.

A situação deixou a comissão de utentes perplexa, dado que tinha a promessa da ARS-Centro de que o SAP estaria a funcionar todos os dias. "Não precisamos de promessas, mas que elas se concretizem na prática”, disse à Renascença Luís Guerra Marques, da comissão de utentes.

Como tal não está a acontecer, a comissão reúne nesta quinta-feira com a população, “para decidir o que fazer.” Poderá vir a ser aprovada uma moção com ações reivindicativas.

Luís Guerra Marques lembra que “a Marinha Grande tem características especiais” pois “há uma faixa alargada da população que trabalha 24/24horas e corre riscos.” Além disso, “há pessoas que se sentem mal e muitos idosos que carecem de acompanhamento".

A agravar o problema, estão os centros de saúde que “não têm médicos disponíveis para todos os utentes”.

“Está-se aqui a procurar cansar a população, para que ela passe a recorrer aos serviços privados”, acusa Luís Guerra Marques, que salienta que “nós não podemos permitir que os serviços de saúde se degradem mais”.

Comissão tem apoio da Câmara

Do lado da população está Aurélio Ferreira. Desde o início do seu mandato à frente da Câmara que o autarca tem vindo a solicitar a resolução do problema junto da ARS do Centro, mas sem resultado.

O autarca contou à Renascença que “a ARS escusa-se numa série de circunstâncias e naquela que é a escusa final que é: não temos meios humanos nem financeiros”. Mas, “a ARS é o Estado”, por isso “se a ARS não tem, quem terá?”, questiona.

Sobre a abertura do SAP apenas em três dias no mês de setembro, Aurélio Ferreira atribui a responsabilidade ao facto de a ARS ter de recorrer a uma empresa que contrata os médicos. “Quando a empresa não tem médicos, eles não vêm para o SAP e é o que está a acontecer no mês de setembro.” Para o autarca “isto tem sido extremamente lesivo para as necessidades que temos no atendimento permanente”.

SAP ou SUB? O SUB é o melhor

Na opinião do autarca, melhor do que um Serviço de Atendimento Permanente – SAP - seria, para a Marinha Grande, um serviço de urgência básica - SUB.

“Um serviço de urgência básica tem uma urgência de proximidade, está sedeado no centro de saúde e trabalha 24horas por dia, com capacidade de fazer pequenas cirurgias, obrigatoriedade de médicos e enfermeiros permanentes, técnicos, análises clínicas e tem ainda uma mais-valia que é, ao fazer a triagem, vai aliviar o Hospital de Leiria”, acrescenta Aurélio Ferreira.

A Renascença tentou obter um esclarecimento da ARS do Centro, mas, sem sucesso.

Esta noite, a população da Marinha Grande decide se toma uma atitude mais musculada para ter garantido o acesso à saúde.