A Comissão Europeia ameaçou, esta quinta-feira, proibir a utilização do TikTok em território europeu se os responsáveis pela plataforma chinesa não evitarem que os menores tenham acesso a vídeos "potencialmente fatais".

A informação foi avançada esta quinta-feira pela agência EFE, que indica que a ameaça foi proferida pelo comissário europeu para o mercado interno, Thierry Breton, ao conselheiro delegado do TiktTok, Shou Zi Chew, durante uma reunião por videoconferência.

Mas o que é que torna o TikTok diferente das restantes redes neste "departamento"?

A Renascença falou com Rui Lourenço, especialista em redes sociais, que explica que o problema do TikTok, que "tem crescido muito nos últimos tempos", é que não há o mesmo "cuidado" que "a Google e o Facebook têm em proteger os utilizadores" no que diz respeito ao conteúdo.

"A Comissão Europeia alega que, se o TikTok continua a publicar vídeos de desafios virais, perigosos para as crianças, não deve continuar, porque está a expor os mais novos a uma série de problemas, a uma série de modelos que não são os mais corretos", adianta.

A ameaça europeia, de resto, não é novidade: como relembra Rui Lourenço, a possível decisão da Comissão surge na sequência "do que já tinha acontecido nos Estados Unidos da América", que estão a tomar medidas similares.

Este problema é transversal a todas as redes sociais, mas agrava-se no caso do TikTok, uma das plataformas mais populares entre os mais novos. Rui Lourenço relembra que o perigo é real e já teve consequências. "O problema que o TikTok tem não se compara ao problema das outras plataformas", entende o especialista, defendendo que as restantes redes já existem há "mais tempo" e têm "meios, umas vezes melhores, outras piores, para controlar este tipo de conteúdo".

"No caso do TikTok a situação é alarmante, até porque já temos vários exemplos na Europa de desafios virais e coisas menos próprias com consequências", relembra, descrevendo episódios em que a visualização de conteúdos por crianças as levou a "por em causa a sua própria vida". "Inclusive, já houve quem perdesse a vida por causa disso", assegurou, relembrando o caso de Archie Battersbee.

Mas será que proibir é a solução? O especialista em redes sociais Rui Lourenço acredita que, antes de travar a utilização por parte dos mais jovens, os governos precisam de perceber melhor o fenómeno e criar uma estratégia.

"Proibir nunca é solução, porque o fruto proibido é sempre mais apetecido. Agora é necessário que os governos, a nível europeu, mas também a nível nacional, percebam de uma vez a importância que estas coisas têm nos nossos jovens, no seu crescimento, e passem das palavras aos atos", defende.

Para ajudar as autoridades, Rui Lourenço sugere que quem "conhece o setor" deve ajudar a definir "uma estratégia".

"É essencial porque, se queremos apostar num país e numa Europa, a médio e longo prazo, com as nossas crianças e jovens, temos de lhes dar conforto e segurança. É essencial que os governos olhem para estes problemas e atuem de imediato", remata.