28 abr, 2016 - 20:13 • Filipe d'Avillez
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Quando o Rei David mandou matar o seu mais leal soldado, para esconder o facto de ter engravidado a sua mulher, Deus enviou Natã para o repreender. O profeta fê-lo através de uma parábola e foi esse momento, quando se viu comparado com um homem rico que rouba e mata a única ovelha do seu vizinho pobre, que David se apercebeu da dimensão do seu pecado.
“Há uma tendência nossa, aqui no Ocidente, sobretudo depois do Renascimento e do Iluminismo, de achar que é a gestão da informação que produz as transformações mais importantes na nossa vida”, adverte o pastor baptista Tiago Cavaco.
“O cristianismo diz que sim, que pensar bem é importante, que Deus quer salvar o nosso cérebro também, mas curiosamente as parábolas ajudam-nos a perceber que não é necessariamente a gestão da informação e do conhecimento que nos muda, é a maneira como às vezes numa história nos conseguimos ver representados. Mesmo quando a história não nos parece particularmente sofisticada.”
É esta ideia que está por detrás da tendência de Jesus de contar parábolas aos seus ouvintes, acredita o pastor e músico, também conhecido pelo nome artístico Tiago Guillul: “As parábolas de Jesus têm o poder de nos desarmar no nosso egoísmo quando fazemos da construção intelectual não uma razão para Deus nos entrar na cabeça, mas para ele não entrar. E aí, nas parábolas, Jesus fala ao coração e dizemos assim ‘Eu sou aquela pessoa’.”
Misericórdia, o chão do cristianismo
“As Parábolas da Misericórdia” (Paulus Editora) é o título do quarto volume de uma série de guiões elaborados pelo Vaticano para acompanhar o Jubileu da Misericórdia, decretado pelo Papa Francisco.
O guião apresenta e ajuda a compreender as cinco parábolas de Jesus contidas no Evangelho de São Lucas. “Há uma mensagem fundamental que é dizer que a misericórdia é o chão do cristianismo. Mesmo que isso depois seja vivido de formas diferentes se tivermos a falar de um contexto católico ou de um contexto reformado”, diz Tiago Cavaco.
“Deus relaciona-se com o homem a partir da sua misericórdia e isso é uma das coisas que este texto em particular consegue deixar claro.”