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Sérvia intervém por Djokovic, mas Austrália mantém ameaça de deportação

11 jan, 2022 - 10:15 • Redação com Lusa

O tenista venceu a primeira batalha, mas a guerra continua. Djokovic já treina em Melbourne, mas o facto de não estar vacinado contra a Covid-19 e alegados falsos testemunhos na documentação que entregou às autoridades mantêm em aberto o cenário de deportação.

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Os primeiros-ministros da Austrália e da Sérvia discutiram a questão do visto do tenista Novak Djokovic. O tenista venceu uma primeira batalha judicial, mas enfrenta ainda a ameaça de deportação por não estar vacinado contra a Covid-19.

O drama da deportação bipolarizou as opiniões e suscitou um forte apoio no país ao número um do ténis mundial, 20 vezes vencedor de torneios de Grand Slam, e que quer disputar o Open da Austrália.

O primeiro-ministro Scott Morrison e a sua homóloga sérvia, Ana Brnabic, concordaram, numa conversa telefónica, em manter-se em contacto sobre o controverso visto, informa o gabinete de Morrison.

"O primeiro-ministro explicou a nossa política de fronteiras não discriminatória e o seu papel na proteção da Austrália durante a pandemia da Covid-19", detalha o gabinete de Morrison em comunicado. "Ambos concordaram em permanecer em contacto sobre a questão", acrescenta.

Brnabic pediu a Morrison para assegurar que Djokovic fosse tratado com dignidade, avança a Rádio Televisão Pública da Sérvia (RTS).

"O primeiro-ministro [da Sérvia] enfatizou especialmente a importância das condições de treino e preparação física para a próxima competição, considerando que Novak Djokovic não foi autorizado a treinar nos dias anteriores, e que o torneio em Melbourne começa este fim de semana", noticia a RTS.

Djokovic esteve num campo de ténis de Melbourne a treinar poucas horas após a sua vitória judicial.

"Estou satisfeito e grato por o juiz ter anulado o cancelamento do meu visto. Apesar de tudo o que aconteceu, quero ficar e tentar competir no Open da Austrália. Mantenho-me concentrado nisso", publicou Djokovic na rede social Twitter esta madrugada.

"Voei para aqui para jogar num dos eventos mais importantes que temos perante fantásticos fãs", acrescenta.

Documentação entregue para obtenção do visto está a ser revista

Contudo, o ministro da imigração australiano, Alex Hawke, está a considerar exercer o seu poder para deportar a estrela do ténis ao abrigo de uma legislação separada.

"O ministro está atualmente a considerar o assunto e o processo continua em curso", informa o gabinete de Hawke em comunicado.

Um funcionário fronteiriço cancelou o visto de Djokovic no aeroporto de Melbourne na quinta-feira, horas depois de ter chegado à Austrália para competir no torneio.

Djokovic foi confinado a um quarto de hotel de quarentena em Melbourne até segunda-feira, quando um juiz voltou a validar o seu visto, citando erros processuais por parte dos funcionários fronteiriços no aeroporto.

O atleta de 34 anos, que não está vacinado, tinha recebido uma isenção médica da federação australiana de ténis - que organiza o torneio - das suas regras de vacinação para competir, porque o sérvio teria sido infetado com Covid-19 em dezembro.

Mas a Força Fronteiriça Australiana recusou-se a permitir-lhe uma isenção das regras nacionais de vacinação para os não-cidadãos que chegassem, alegando que uma infeção nos seis meses anteriores era apenas motivo para uma isenção de vacina nos casos em que o novo coronavírus causou doença grave.

Há também novas questões sobre o pedido de entrada de Djokovic no país, após documentos divulgados pelo tribunal terem revelado que ele disse às autoridades que não tinha viajado nos 14 dias anteriores ao seu voo para a Austrália.

Djokovic, que tem residência em Monte Carlo, aterrou em Melbourne pouco antes da meia-noite de quarta-feira, respondendo "não" à pergunta sobre viagens anteriores no seu formulário australiano de Declaração de Viagem.

Mas o atual campeão do Open da Austrália foi filmado a jogar ténis nas ruas da capital sérvia, Belgrado, no dia de Natal, e a treinar em Espanha a 31 de dezembro - ambas as datas dentro da janela de 14 dias.

Djokovic disse aos oficiais de fronteira que a federação australiana de ténis completou a declaração em seu nome, mas foi notado pelo responsável que cancelou o seu visto que a entidade desportiva o teria feito "com base em informações fornecidas pelo titular do visto".

Desde que o visto de Djokovic foi cancelado, a tenista checa Renata Vorácová e um dirigente de ténis europeu foram deportados por razões semelhantes.

O Governo conservador de Morrison culpou a federação australiana de ténis, que os ministros acusam de enganar os jogadores sobre os requisitos de vacinas da Austrália.

Contudo, os jornais locais noticiaram que a federação pedira ao Departamento de Assuntos Internos para verificar a documentação do visto do Djokovic e de outros jogadores antes de embarcarem nos aviões. O departamento não o terá feito.

O Open da Austrália, o primeiro Grand Slam do ano, decorre entre 17 e 30 de janeiro em Melbourne.

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