A faltar pouco mais de um mês e meio para começarem as provas digitais, questiona-se a viabilidade de um modelo em escolas com problemas de rede de internet, com computadores avariados ou sem equipamentos ou inexistência de suporte técnico para arranjar o material estragado.

Devido a estes problemas, o Governo aprovou em Conselho de Ministros uma autorização de 6,5 milhões de euros em despesa para as escolas adquirirem novos equipamentos. No entanto, garante a Fenprof à Renascença, tal não irá demover uma greve de professores de informática durante o período de exames.

As provas vão mesmo ser digitais?

Sim, vão ser digitais. Em resposta à Renascença, o Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) afirmou que o Ministério da Educação não deu indicação em sentido contrário.

Neste ano letivo as provas vão ser feitas pelos alunos do 2º, 5º e 8º ano. Para estes alunos são provas de aferição, sem peso na nota final. Já os alunos do 9º ano fazem provas finais de ciclo, que contam para a avaliação.

E há computadores para todos os alunos?

Nesta altura não há. Os diretores escolares já o disseram mais do que uma vez, porque muitos desses computadores estão avariados. A mesma preocupação foi levantada à Renascença pela presidente da Associação de Professores de Informática (ANPRI).

Não há quem possa arranjar esses computadores?

Essa é a grande dor de cabeça para os professores de informática. Muitos diretores procuram ultrapassar os problemas com a ajuda destes professores, mas essa não é a sua função.

Este foi um dos motivos que os levaram a pedir ajuda à FENPROF, que anunciou greve a partir de 8 de abril para que professores de informática não tenham de resolver avarias nem prestar apoio técnico durante as provas.

Por outro lado, o concurso que o Governo lançou no ano passado para recrutar uma empresa de reparação dos computadores, ficou deserto.

E agora qual é a solução?

Num primeiro momento, o Ministério da Educação pediu aos diretores escolares para se coordenarem e emprestarem computadores entre as escolas, algo que não foi bem acolhido.

Em resposta, o Governo autorizou as escolas a gastarem cerca de seis milhões e meio de euros na compra de novos computadores.

As escolas já receberam indicações do que fazer?

Sim, essas indicações foram recebidas ao início da tarde desta segunda-feira. À Renascença, o diretor da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) aponta que o processo é burocrático e que pode demorar semanas.

Filinto Lima lamenta que o Ministério da Educação esteja a transferir para as escolas aquilo que deveria ter feito nos últimos tempos e admite que esta solução de último recurso não garante que todos os alunos tenham um computador para fazer as provas.

E existem alternativas?

A alternativa é fazer as provas em papel e com caneta, algo que os diretores vão pedir ao novo Governo. A tomada de posse está marcada para 2 de abril e, para esse mesmo dia, os diretores vão pedir uma reunião com carácter de urgência ao novo titular da pasta da Educação.