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"Fui escutado vários anos, mas ouvido não fui". Galamba discorda de ida da PGR ao Parlamento

26 abr, 2024 - 22:21 • Ricardo Vieira

Antigo ministro e arguido na Operação Influencer dá a primeira entrevista desde a Operação Influencer. João Galamba pede à Procuradoria-Geral da República "que faça o seu trabalho bem e rápido porque esta suspensão da vida das pessoas é difícil".

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"Parece que fui escutado vários anos, mas ouvido ainda não fui" pela Justiça, afirmou esta sexta-feira João Galamba em entrevista à CNN Portugal, a primeira desde que foi constituído arguido na Operação Influencer. O antigo ministro das Infraestruturas também é contra uma eventual audição no Parlamento da procuradora-geral da República, Lucília Gago.

Após as buscas de 7 de novembro do ano passado, João Galamba diz que apresentou um requerimento para ser ouvido, já insistiu nesse pedido e ainda não conseguiu consultar o processo, a não ser pela comunicação social.

João Galamba afirma que a sua defesa "será feita em sede própria", garante estar de "consciência tranquila" e sabe como é que o processo vai acabar: "ou com arquivamento da acusação ou, se por qualquer razão existir uma acusação, serei inocentado".

"Sou arguido por peculato, prevaricação e recebimento indevido de vantagem num processo em que tenciono prestar todos os esclarecimentos", declarou o também antigo secretário de Estado do Ambiente e Energia, que nega ter negociado qualquer norma para beneficiar a empresa Start Campus na instalação de um data center, em Sines.

João Galamba espera que caso se "resolva o mais depressa possível". "A Procuradoria que faça o seu trabalho bem e rápido porque esta suspensão da vida das pessoas é difícil", apela.

PGR não responde ao Parlamento, "é responsável perante os portugueses"

O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, considera que a procuradora-geral da República, Lucília Gago, deve ir ao Parlamento dar explicações sobre os processos que provocaram crises políticas.

Nesta entrevista à CNN Portugal, João Galamba mostra-se contra uma eventual audição da PGR na Assembleia da República, mas diz que Lucília Gago é "responsável perante os portugueses".

"Discordo. Percebo a questão suscitada pelo senhor presidente da Assembleia da República, a comunicação é muito importante e nenhuma instituição funciona fechada sobre si mesma, mas não considero que a ida ao Parlamento da senhora procuradora-geral faça qualquer sentido”, defende o antigo ministro.

João Galamba considera que a procuradora "não responde nem é politicamente responsável perante o Parlamento, é responsável perante os portugueses".

"Se entender que deve falar e explicar aos portugueses, deve fazê-lo. Se não o fizer, os portugueses certamente farão o seu juízo sobre o que se passa e sobre o comportamento da senhora procuradora-geral da República, mas ir ao Parlamento não me parece correto e não parece a sede própria para este tipo de comunicação”, sublinha o arguido na Operação Influencer.

Questionado se está a ser alvo de um processo político, João Galamba rejeita essa teoria: "Quero acreditar que as instituições funcionam. Nunca faria um juízo dessa natureza. parto do principio que as instituições cumprem as leis".

"Não quero viver com medo em Portugal, acredito que as instituições funcionam", sublinha.

Galamba acusa Montenegro de "populismo"

Nesta entrevista, o antigo ministro responde ao atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, que anunciou um código de ética para evitar "casos Galamba".

O antigo ministro garante que nunca violou a lei em matéria de utilização dos carros oficiais do Ministério. "Todos os usos que eu fiz foi sempre nos exatos termos da lei e sempre em proveito das minhas funções, quando não em exercício das minhas funções. As minhas filha não têm avós em Lisboa. Fazia questão sempre de ir buscar as minhas filhas à escola, ir com elas ao médico. Não aceito que o primeiro-ministro, para fins populistas, porque a lei é clara: eu não violei a lei em circunstância alguma".

João Galamba, que vai trabalhar na área de consultadoria no setor da energia, confessa que já foi "mais próximo" do atual líder do PS, Pedro Nuno Santos. "Não temos falado, Não me disse nada nos últimos meses, nem após as buscas", confessa.

Sobre António Costa, conta que ainda na semana passada esteve num jantar de homenagem ao ex-primeiro-ministro. "Mantenho contacto com António Costa", referiu.

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  • maria
    26 abr, 2024 palmela 21:55
    eu tambem discordo! parece que desconfiar da justica!

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