“Estão a enganar as pessoas, é preciso baixar o preço das casas” e acabar com os benefícios fiscais a fundos de investimento, defendeu este sábado a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) na manifestação “ Casa para Viver”, em Lisboa, que junta milhares de pessoas nas ruas da capital.

Em declarações aos jornalistas na Alameda, Catarina Martins deixou críticas ao plano Mais Habitação, aprovado esta semana pelo Governo.

“Os subsídios que o Governo anunciou têm dois problemas: chegam a um grupo muito reduzido de pessoas e é preciso acabar com o universo de benefícios fiscais, e outros que tal, que tornam as casas em Portugal a preços impossíveis para salários portugueses. Precisamos que as casas tenham preços justos”, defende a líder do BE.

Catarina Martins considera que o Governo "pode prometer tudo, mas enquanto continuar a premiar os fundos de investimento e os residentes não habituais com os benefícios fiscais ou os vistos Gold, agora com novos nomes, como aparece no pacote Mais Habitação, as casas vão continuar a ter preços impossíveis".

"Estão a enganar as pessoas, é preciso baixar o preço das casas e isso é acabar com os benefícios que fazem da habitação a especulação", atira a coordenadora bloquista.

A líder bloquista afirma que "o Ministério da Habitação pode anunciar o que quiser, mas enquanto o Ministério das Finanças continuar a ter uma floresta de benefícios fiscais que alimenta a especulação imobiliária os preços das casas vão continuar a aumentar".

"O que é preciso é acabar com esta pouca vergonha de quem faz da casa um investimento financeiro, tem benefícios fiscais sobre isso e quem quer ter uma casa para morar não consegue tê-la porque o seu salário não consegue pagar", remata Catarina Martins.

Mais Habitação “não responde aos problemas" - PCP

O líder do PCP também esteve na manifestação de Lisboa. Paulo Raimundo fala num “momento importante porque a mobilização destes milhares de pessoas revela que o problema da habitação é central”.

"Revela também que as medidas que o Governo avançou não têm implicação na vida destas pessoas, porque se tivessem as pessoas não estavam aqui hoje", afirma o secretário-geral comunista.

O pacote Mais Habitação “não responde aos problemas das pessoas, porque projeta os problemas muito para o futuro, passa ao lado dos responsáveis pelo problema na Habitação: os fundos imobiliários e a banca”, afirma Paulo Raimundo.

Arrendamento coercivo? Moedas diz que Estado deve dar o exemplo

Em declarações aos jornalistas, à margem do evento Conselho de Cidadãos, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, mostra-se "solidário com a causa da habitação" e defende que o Estado deve dar o exemplo, antes de obrigar proprietários a arrendar casas.

Carlos Moedas disse que não marcou presença no protesto "Casa para Viver", por se tratar de uma manifestação "ideológica".

Questionado sobre a questão do alojamento local, Carlos Moedas considera que "não vale a pena causar fricções sociais e estarmos uns contra os outros".

"Eu não acho que seja um ou outro - alojamento local ou habitação. Não há uma ou outra coisa, são as duas. Ajudar a economia e encontrar soluções para as pessoas", declarou o autarca.

Carlos Moedas diz que já desbloqueou 40 milhões para remodelar bairros municipais, que estavam sem obras há anos. "É esse o trabalho que faço todos os dias", afirmou.

Sete cidades portuguesas são este sábado palco de manifestações do movimento “Casa para Viver", que agrega várias associações na defesa do direito à habitação.

As manifestações pelo direito à habitação marcadas vão acontecer em Aveiro, Braga, Coimbra, Lisboa, Porto, Viseu e Setúbal, juntando uma centena de associações e coletivos, segundo a organização.

Os manifestantes gritam palavras de ordem em defesa do direito à habitação e envergam cartazes com mensagens como "Querido não tenho casa" ou "Os nossos bairros não são os vossos negócios".

[notícia atualizada às 17h48]