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O Governo corrigiu esta sexta-feira uma informação avançada durante a tarde pelo secretário de Estado adjunto e da Saúde, Lacerda Sales, de que haveria neste momento 477 surtos ativos de Covid-19 na escolas portuguesas. São, afinal, 68.

Em comunicado enviado às redações, o gabinete de Lacerda Sales refere que, "por lapso", foi apresentado o número de surtos ativos em Portugal continental identificados pela Direção-Geral de Saúde (DGS) a 16 de novembro. Ou seja, há 68 e não 477 surtos em creches, escolas e universidades públicas e privadas -- três na região norte, 11 no Centro, 50 em Lisboa e Vale do Tejo, dois no Alentejo e dois no Algarve.

A DGS decidiu voltar a anunciar os números relativos à Covid-19 nas escolas de 15 em 15 dias, uma medida à qual o presidente da Associação de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas não se opõe, apesar de temer que os números possam "causar alarmismo público".

À Renascença, Filinto Lima diz ter esse "receio" mas reconhece que "esses números fazem falta ao Ministério da Educação e ao Ministério da Saúde para tomarem as decisões devidas".

"O que é certo é que nós, diretores, reportamos esses dados e agora quase que é tempo real, através de uma plataforma onde indicamos os casos positivos, os casos que já estão agora negativos e que regressam às escolas e, portanto, em tempo real o Ministério da Educação e a DGS têm esses números" se os quiserem tornar públicos, como já é feito noutros países, indica.

O representante dos diretores de escolas rejeita o alegado aumento significativo de infeções no universo escolar, como denunciado pela Fenprof esta semana. Pelo contrário, diz que tudo indica que "os números estão estabilizados", até porque "as escolas têm regras e têm procedimentos que estão a cumprir e a fazer cumprir junto dos seus alunos".

Significa isto que o contágio dos alunos acontece fora das escolas? Filinto Lima diz não ter "dúvidas nenhumas" que sim.

"Nós não controlamos os alunos nos transportes, não os controlamos quando, ao final do dia, vão jogar futebol ou praticar desporto numa associação ou num clube desportivo, não os controlamos quando vão para os centros de estudo, nem quando estão em casa com os seus familiares. Não me parece correto dizer que as escolas são focos [de contágio], não são. As escolas são ainda dos locais mais seguros."

De acordo com dados da DGS sobre a taxa de infeções em diferentes classes etárias, o grupo de crianças até aos nove anos é aquele onde se registou o maior aumento de infeções ao longo das últimas duas semanas, na ordem dos 66%.

"Sinceramente não fico muito surpreendido se tivermos em conta que nas escolas do primeiro ciclo, não é obrigatório o uso da máscara", diz à Renascença Filinto Lima quando confrontado com estes dados.

Essa faixa etária, ressalta, corresponde ao 1.º ciclo de ensino, onde o uso de máscara não é obrigatório para todass as crianças. "Para mim, que sou leigo em Saúde Pública, a máscara é um escudo protetor para os nossos alunos. Se calhar a DGS deveria pensar em tornar obrigatório o uso de máscara para crianças que frequentam o primeiro ciclo."