Está a ser alvo de um processo disciplinar o agente da PSP que criticou a visibilidade do deputado André Ventura, do Chega, na manifestação nacional de polícias e militares da GNR, a 21 de novembro.

O processo foi aberto pela direção nacional da Polícia depois do ex-sindicalista Manuel Morais, em declarações ao Expresso, ter afirmado sentir "nojo" da presença do deputado na manifestação.

O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Rodrigues, diz estar solidário com o agente, que vai “contar com todo o apoio jurídico para se poder defender numa situação que não faz qualquer sentido”.

Paulo Rodrigues não compreende o processo disciplinar e diz haver dois pesos e duas medidas na direção da PSP.

“Nós temos aí polícias que são candidatos a partidos políticos. Eu não sou contra, mas não vi ninguém a ser alvo de processo disciplinar. Acho que temos de recuar um bocadinho e começar a preparar a instituição e perceber até que ponto devemos fazer um conjunto de retificações nas regras e normas internas”, afirma Paulo Rodrigues.

O sindicalista defende um amplo debate interno na PSP “para que os polícias saibam o que podem dizer, como podem fazer e em que sentido”.

“Se calhar, há 30 anos era necessário ter em conta ou condicionar alguma liberdade de expressão ou alguns direitos para poder desempenhar devidamente a missão. Se calhar neste momento já não é necessário. Temos que dar esse passo e dizer que há regras que é preciso manter e outras que não fazem sentido”, sublinha.

A Renascença tentou esclarecimentos adicionais da direção nacional da PSP, mas até ao momento não foi possível.

Ao jornal “Diário de Notícias”, fonte da PSP justifica o inquérito com comportamento suscetível de “violar a disciplina e deontologia dos profissionais da PSP".