Na Ucrânia, os últimos dias, têm sido fartos em destituições nos serviços de segurança. Depois de Zelenskiy anunciar, na segunda-feira, a demissão de Iryna Venediktova, procuradora-geral do país, e de Ivan Bakanov, chefe do serviço de Segurança Interna, na terça-feira foi a vez de mais 28 funcionários serem destituídos por alegado "desempenho insatisfatório de funções".

Em declarações à Renascença, Kateryna Ryzhenko, da organização anticorrupção Transparency International na Ucrânia, não se mostra surpreendida com a demissão da procuradora-geral ucraniana que, recorda, foi um entrave nas investigações de casos de corrupção.

Infelizmente, a procuradora-geral usava a sua posição para influenciar o decorrer dos casos de corrupção com altas figuras. Havia, inclusive, um caso com um membro da administração do Presidente, Oleh Tatarov, em que a procuradora-geral e o seu adjunto fizeram com que o caso desaparecesse”, refere a responsável.

A Transparency International apela, por isso, à nomeação definitiva de um procurador-geral “imparcial e independente”. Kateryna Ryzhenko lembra igualmente que Oleksiy Symonenko, o novo procurador-geral interino da Ucrânia, também dificultou o sucesso de medidas anticorrupção.

“Esteve envolvido numa série de casos que levaram ao falhanço de medidas anticorrupção e está também relacionado com alguns dos quadros mais altos do gabinete do Presidente”, assegura.

“Nós pedimos ao Presidente e ao Parlamento para fazerem a nomeação definitiva do novo procurador, que deve ter um perfil apartidário e íntegro”, acrescenta Ryzhenko.

Por outro lado, em declarações à Renascença, a responsável, pede que o Governo e o Parlamento não descurem a luta contra a corrupção, até porque a Ucrânia tem de agir, caso existam desvios nas ajudas financeiras dos parceiros internacionais.

“Nos últimos anos, fizemos um esforço por criar um ecossistema de medidas de anticorrupção na Ucrânia e a legislação motiva a que se tornem ainda mais transparentes”, anui.

A responsável desta organização anticorrupção confirma que os “parceiros internacionais estão a ajudar-nos financeiramente”, e não só nesta guerra.

“Temos de fazer um compromisso forte e garantir que a nossa estrutura anticorrupção se mantém ativa. Se existir algum desvio dos fundos que estão a ser concedidos à Ucrânia, temos de mostrar que conseguimos enfrentar esses desafios”, conclui, Kateryna Ryzhenko.