A ex-primeira-ministra ucraniana Yulia Tymoshenko, líder da Revolução Laranja de 2004, disse que o presidente russo "está a cruzar muitas linhas vermelhas" na Ucrânia, o que coloca a Europa "em perigo".

"A estratégia de Putin é atacar a cidade mais ocidental. Com a guerra, muitas embaixadas mudaram-se para lá, e ele pretende atingir estrangeiros também. São mísseis apontados para o mundo inteiro, essa é a forte mensagem que está a enviar", disse em entrevista ao diário italiano "Republica".

Tymoshenko, 61 anos, que foi chefe de governo por dois mandatos entre 2005 e 2010 sob a presidência de Victor Yushchenko, apoia fortemente o atual presidente, Volodymyr Zelensky, após a invasão russa.

Putin é um bárbaro e fascista que incentivou a eliminação de idosos, mulheres e crianças. Alguns pensam que ele é louco, eu não acho. Tem uma mente racional e cínica. Por trás do seu comportamento há um núcleo sombrio, algo que vem da Idade Média mais sombria”, disse.

De acordo com Tymoshenko, a missão de Putin “é conquistar a Ucrânia".

“Portanto, este é o momento da verdade: deixá-lo fazer ou detê-lo. Mas a vitória não depende apenas da Ucrânia. Os líderes dos países democráticos devem estar unidos contra ele", enfatizou, lembrando que em 2008, quando era primeira-ministra, Putin atacou a Geórgia.

Segundo Tymoshenko, Putin quer voltar às antigas fronteiras, não as da União Soviética, mas as do império russo. “Ele quer aumentar o território e a Ucrânia é apenas o primeiro passo. Ele quer a posse e o controle da uma parte importante do que chamamos de Estados Unidos da Europa", que "no futuro poderá tornar-se uma prisão”, sublinhou.

Mais de 4,9 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da invasão russa, sendo cerca de 90% mulheres e crianças, segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR).

A Organização Internacional para as Migrações estima ainda o número de deslocados internos em 7,1 milhões de pessoas.

A Europa não registava um fluxo de refugiados tão grande desde a Segunda Guerra Mundial.