O Ministério da Defesa russo anunciou, esta terça-feira, que algumas unidades que completaram os exercícios militares junto à fronteira com a Ucrânia regressaram às bases.

De acordo com o porta-voz do ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, citado pelas agências de notícias russas, “as unidades dos distritos militares do Sul e do Oeste, que cumpriram as suas tarefas, já começaram a embarcar em meios de transportes ferroviários e rodoviários e iniciarão hoje o retorno às suas bases”.

“Sempre dissemos que após a conclusão dos exercícios, as tropas regressariam às suas guarnições originais. Isto é o que está a acontecer, este é o processo habitual”, disse o porta-voz presidencial russo citado pela agência francesa AFP.

Segundo Dmitry Peskov, Moscovo irá no futuro organizar outros “exercícios em toda a Rússia” por ter o direito de o fazer onde quer que considere apropriado dentro do seu território.

É primeiro sinal de um recuo na crise com a Ucrânia e os países ocidentais, e acontece no mesmo dia em que o Chanceler alemão, Olaf Scholz, é esperado em Moscovo.

Desconhece-se ao certo a escala desta retirada, mas o comentador de assuntos internacionais, Nuno Rogeiro, diz à Renascença que podemos estar perante um sinal positivo.

“Embora haja ainda um risco muito grande de haver um conflito, que acho que seria limitado ao combate, há neste momento uma deslocalização de forças, o que pode querer indicar que está a haver algum avanço no campo da diplomacia e da negociação”, afirma.

Segundo a BBC, que cita o chefe de estratégia de taxas de juros do Commerzbank, os mercados já estão a reagir positivamente à retirada de algumas tropas russas.

“A ausência de ação armada na fronteira com a Ucrânia e as indicações sobre a vontade de falar parecem suficientes para acalmar os nervos do mercado", disse Michael Leister à estação de televisão britânica.

A tensão entre Kiev e Moscovo aumentou desde novembro passado, depois de a Rússia ter estacionado mais de 100.000 soldados perto da fronteira ucraniana, o que fez disparar alarmes na Ucrânia e no Ocidente, que denunciou os preparativos para uma invasão daquela ex-república soviética.

O secretário-geral das Nações Unidas já tinha dito que não há outra alternativa senão uma solução diplomática, tendo-se oferecido para mediar a crise. António Guterres falou ao telefone com os ministros dos negócios estrangeiros dos dois países a quem diz ter mostrado disponibilidade para contribuir para uma solução pacífica.

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