No seu primeiro comentário sobre um grave e sofisticado ciberataque aos sistemas informáticos do Governo federal norte-americano, o Presidente dos EUA, Donald Trump, minimizou este sábado a seriedade e o impacto do alegado ato de espionagem, questionando os dados avançados pelas autoridades de que o ataque terá tido origem na Rússia.

"O Ciberataque foi bem pior nos Media Fake News do que na realidade", escreveu Trump no Twitter, quando falta cerca de um mês para Joe Biden assumir a presidência dos EUA. "Rússia, Rússia, Rússia é o slogan prioritário quando acontece qualquer coisa, porque os [media] falhados, sobretudo por razões financeiras, tªem medo de discutir a possibilidade de ter sido a China (que pode ter sido!)."

Até agora, o ataque informático já afetou mais de metade de todas as agências federais, incluindo os Departamentos do Comércio e do Tesouro. A sugestão de Trump de que Pequim pode estar por trás do que aconteceu contraria declarações do seu próprio secretário de Estado e de vários legisladores informados sobre o assunto.

"Podemos dizer com bastante clareza que os russos estão envolvidos nesta atividade", declarou o chefe da diplomacia dos EUA, Mike Pompeo, numa entrevista na sexta-feira.

Contactado pela Reuters, um porta-voz do Departamento de Estado não respondeu ao pedido de comentários. No seu primeiro tweet sobre a pirataria informática de que os EUA foram alvo, Trump marcou Pompeo e John Ratcliffe, o diretor nacional dos Serviços de Informação.

"Este ciberataque corresponde a ter bombardeiros russos a sobrevoar repetidamente o nosso país inteiro sem serem detetados", defendeu o republicano Mitt Romney na quinta-feira, no Twitter.

No mesmo dia, em entrevista à rádio SirusXM, o antigo candidato presidencial criticou a postura da presidência. "Não ter a Casa Branca a agir agressivamente para condenar e agir para castigar os responsáveis é, de facto, bastante extraordinário."

O Kremlin desmente qualquer envolvimento no sucedido.

O gabinete de Ratcliffe ainda não avançou informações públicas sobre quem está por trás desta violação de dados em massa, que explorou lacunas no software de gestão de dados desenvolvido pela empresa SolarWinds que é usado de forma generalizada nos setores público e privado.

Trump abandona a presidência dos EUA a 20 de janeiro, dia em que o democrata Joe Biden toma posse como 46.º Presidente dos Estados Unidos da América, após ter derrotado o rival republicano nas eleições de 3 de novembro. O Presidente cessante ainda não assumiu a derrota eleitoral.