Ativistas pró-democracia anunciaram, esta sexta-feira, que pretendem voltar às ruas de Hong Kong já este domingo, 8 de dezembro, para uma grande manifestação.

Desde junho de 2019 que a antiga colónia britânica atravessa uma grave crise com ações quase diárias para exigir reformas democráticas e uma investigação sobre o comportamento da polícia.

"Esperamos que o governo não cometa o erro de acreditar que a população desistiu dos seus pedidos nas últimas semanas", afirmou Jimmy Sham, um dos responsáveis da Frente Civil dos Direitos Humanos (FCDH), aos jornalistas.

"Esta é a última oportunidade dada pela população a [Carrie] Lam [chefe do executivo de Hong Kong]" para responder às suas reivindicações, acrescentou Sham.

Este movimento iniciou a mobilização para as ruas, há seis meses, a nove de julho de 2019, quando a população de Hong Kong se uniu para impedir a entrada em vigor de uma lei que pretendia autorizar extradições para a China, e que, entretanto, foi retirada formalmente pelo Governo.

A Frente Civil dos Direitos Humanos é um movimento que defende a não-violência e que organizou as principais manifestações de junho e julho. Esta manifestação foi autorizada pela polícia algo que não acontecia desde agosto deste ano.

Jimmy Sham reiterou que a Frente apelou aos manifestantes e à polícia para evitarem qualquer violência e as forças policiais também pediram aos manifestantes pacíficos para se dissociarem dos mais radicais.

"Por favor, cortem as ligações com desordeiros e criminosos e ajudem-nos a colocar Hong Kong no caminho certo", pediu Kwok Ka-chuen, alto responsável da polícia, em declarações à imprensa.

Nos fóruns “online” usados pelos manifestantes, muitos apelam a marcar os seis meses de protestos com um novo bloqueio, em larga escala, dos transportes públicos na segunda-feira.

Carrie Lam, chefe do executivo de Hong Kong, nunca recolheu grande apoio junto da população, que a encara desde o início como testa-de-ferro de Pequim, devido ao facto de ter estado envolvida na repressão dos protestos ocorridos em 2014 e por ter chegado ao poder por indicação do regime chinês, em 2017, que recusou a eleição do líder do Governo por sufrágio universal.

O movimento que tem promovido a contestação nas ruas considera que Pequim não está a respeitar as garantias democráticas acordadas - o apelidado modelo "um país, dois sistemas" - aquando da transferência de soberania, em julho de 1997, tentando controlar todos os aspectos da vida na região – política, media, tribunais, sindicatos e polícia.