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A cidade da Beira, em Moçambique, começa a ser reconstruída aos poucos, com os meios mínimos disponíveis. O relato é de Carla Oliveira, uma portuguesa residente na cidade.

"Já está a começar a ser reconstruída. Não a 100%, obviamente, não como deveria ser, mas estamos a reconstruir da forma como é possível, porque os meios que temos neste momento são mínimos", diz à Renascença.

Contudo, a ajuda internacional, em particular bens alimentares, está a tardar a chegar à cidade. "Dentro da cidade ainda não vi essa ajuda. As pessoas continuam a morrer de fome", constata Carla Oliveira, acrescentando que não estão a ser distribuídos alimentos naquela que é a segunda maior cidade moçambicana.

A Beira foi uma das cidades mais afetadas pelo ciclone Idai. Quando, há uma semana, o Idai atingiu o centro de Moçambique, os cerca de 500 mil residentes na Beira ficaram sem energia e linhas de comunicação, que começam agora a ser restabelecidas.

O último balanço do governo moçambicano, feito esta quinta-feira, aponta para 217 mortos e mais de mil feridos. Segundo as autoridades, cerca de três mil pessoas já foram salvas, mas outras 15 mil ainda aguardam o resgate.

Apesar do cenário de destruição, a vontade de grande parte da comunidade portuguesa é de ficar na cidade e ajudar na reconstrução. "Todas as pessoas com quem eu contacto, a vontade é de permanecer e lutar pelos seus bens e pelas pessoas", conta Romeu Rodrigues, que esteve na cidade da Beira nos últimos dias.

"Para as pessoas que já estão há muito tempo no país, não é fácil ver esta destruição", admite. "Sinto-me na obrigação de ajudar".

Outro português, Tiago Coucelo está a coordenar os projetos da Fundação Fé e Cooperação em Moçambique. Depois de suprir as necessidades básicas, a Fundação quer ajudar na reconstrução das mais de 600 salas de aulas que ficaram destruídas. Neste momento, diz, há cerca de 14 mil crianças sem aulas, "seja porque as escolas estão a ser utilizadas como espaços de acolhimento e de abrigo, seja porque foram mesmo destruídas".

Para esta fundação é importante que o acesso à educação seja restabelecido tão rapidamente quanto possível. "Nesta fase posterior, que não pode demorar muito tempo, vamos fazer um levantamento de estruturas danificadas e possibilitar a estas crianças um regresso à normalidade e acesso à aprendizagem", diz Tiago Coucelo à Renascença.

O ministro dos Negócios Estrangeiros confirmou que 30 portugueses estão por localizar após a passagem do ciclone por Moçambique e que, até ao momento, não há notícia de mortos ou feridos entre a comunidade lusa.

O primeiro C130 da Força Aérea Portuguesa partiu esta madrugada para a cidade da Beira, em Moçambique, uma das zonas mais devastadas pelo ciclone Idai.

O aparelho leva uma força militar de reação rápida, formada por 35 militares e também por uma equipa cinotécnica da GNR.

Este primeiro grupo será constituído por fuzileiros com botes, que um papel fundamental no resgate das populações isoladas e em situação de grande perigo.

A equipa é composta ainda por um oficial de engenharia do Exército, que vai "identificar as necessidades mais prementes de restabelecimento de comunicações".