O diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) diz que o ministro da Economia não está a contar a história toda, a propósito do aumento significativo de preços nas prateleitas dos supermercados.

António Costa Silva disse esta quinta-feira que há praticas abusivas a sancionar e prometeu uma acção inflexivel.

Na resposta, Gonçalo Lobo Xavier diz à Renascença que a ASAE está a gerar intranquilidade entre os consumidores, e considera pouco avisada a posição do ministro da Economia.

Como reage ao anúncio da ASAE e a posição assumida por António Costa e Silva?

Em primeiro lugar, dizer que a ASAE faz o seu trabalho e nós, a distribuição e todo o comércio, vive muito bem com isso. O que nos preocupa é esta forma de comunicar e de transmitir a intranquilidade aos consumidores. Isso é que é inaceitável do nosso ponto de vista. A ASAE faz o seu trabalho, fez investigação, e no universo de 120 visitas apurou um conjunto determinado de questões que suscitaram dúvidas.

Ora nós, não conhecendo o relatório da ASAE, tivemos oportunidade de explicar ao Senhor Ministro da Economia e ao Senhor Primeiro-Ministro ontem porque é que os preços estão a aumentar. Os preços estão a aumentar porque estão a aumentar em toda a cadeia.

Acontece que o retalho é que dá a má notícia ao consumidor, mas todos os preços que foram referidos nas peças têm justificação para terem aumentado. E aumentaram na produção e na indústria. Foram os produtores e os nossos fornecedores que nos aumentaram o preço e nós, infelizmente, tivemos que o transmitir ao preço final para os consumidores os isso nós.

O que me está a dizer é que a responsabilidade por essa intranquilidade é da ASAE...quanto ao mais, a subida de preços é natural?

A subida de preços é algo que tem vindo a acontecer no índice de preços do produtor e no índice de preço da indústria alimentar. Repare, o nosso índice de preços no retalho e na distribuição aumentou 16%, em média.

O índice de preços do lado da produção agrícola aumentou 33% e na indústria aumentou 18%. Ora, é evidente que não se pode analisar um produto numa prateleira sem contabilizar tudo o que está por trás.

A produção está a enfrentar aumentos de custos dos fatores de produção muito significativos. Evidentemente que isto tem consequências.

E o ministro António Costa Silva também está, com as suas palavras, a contribuir para essa intranquilidade?

O ministro Costa e Silva não está a contar a história toda porque o preço de um bem tem uma composição.

Referir-se ao nosso setor de uma forma dúbia, e que levanta a questões aos consumidores, não é propriamente uma atitude avisada do ministro da Economia junto de empresas que representam mais de 95 mil colaboradores em todo o país.