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​Hora da Verdade

"Todos os bispos têm de atuar assim", diz arcebispo de Évora após afastar padre

09 mar, 2023 - 07:00 • Susana Madureira Martins (Renascença) e Helena Pereira (Público)

D. Francisco Senra Coelho admite que há "opiniões diferentes" entre os bispos sobre o modo como a Igreja deve proceder. Na perspetiva do arcebispo de Évora, as dioceses não podem deixar de afastar padres suspeitos de abusos sexuais.

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Arcebispo de Évora admite que há "opiniões diferentes" entre os bispos sobre o modo como a Igreja deve proceder
Arcebispo de Évora admite que há "opiniões diferentes" entre os bispos sobre o modo como a Igreja deve proceder

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O arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho, assume que a Igreja não soube comunicar a posição que tem sobre os abusos.

Em entrevista ao programa "Hora da Verdade", da Renascença e do jornal Público, D. Francisco Senra Coelho revela que, entretanto, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) está a preparar-se para uma segunda ronda de explicações e que a diocese que lidera está a preparar um plano de procedimentos para estes casos que espera vir a ser adotado por todos os bispos.

O arcebispo de Évora, prestes a completar 62 anos, recebeu a Renascença e o jornal Público no edifício do Paço Episcopal, onde admitiu a possibilidade de ordenação de homens casados, não como resposta aos abusos na Igreja - "há imensa pedofilia de pessoas que não são celibatárias" -, mas assumindo que é um "caminho" que não o "repugna absolutamente nada".

Em relação aos seminaristas, D. Francisco Senra Coelho apela a que sejam integrados nas comunidades paroquiais. "Têm um sexto sentido" para detetar potenciais abusadores, diz o arcebispo.

A Conferência Episcopal, na sexta-feira passada, passou a mensagem certa às vítimas dos abusos sexuais na Igreja?

O termómetro mais fiel é o público a quem se dirige uma conferência de imprensa. Da parte dos bispos havia o desejo absoluto e todo o interesse que a mensagem fosse recebida com empatia, com sentido de resposta, como uma forma de a sociedade compreender a nossa preocupação real. Mas, assim não foi. A mensagem não passou ou pela maneira de comunicar ou pela própria formulação de conteúdos. É evidente que não correu bem.

Foi uma oportunidade perdida para a Igreja?

A Igreja está centrada neste momento, não em si, mas nas crianças, nas vítimas, nas pessoas vulneráveis. O que nos preocupa é como contribuir para a resolução do problema e como fazer a nossa parte enquanto instituição. Não estamos preocupados por termos perdido uma oportunidade para a imagem da Igreja. A imagem da Igreja não deve ser cultivada numa forma cosmética, mas vem da sua própria atitude de compromisso com a verdade, que é o serviço às vítimas e à segurança. E isso não conseguimos transmitir. Houve, de facto, alguma coisa que impediu esta compreensão.

Na minha análise, há muita emotividade, quer do lado dos bispos, quando receberam os nomes e se sentiram muito limitados para poderem fazer alguma coisa, quer do lado dos jornalistas que estão, enfim, a fazer um trabalho de defesa de valores e de pessoas e de toda a população portuguesa. Está na hora de haver uma dimensão de mais racionalidade. Eu, como bispo da Igreja, estou preocupado que nos encontremos, porque nós estamos muito mais desencontrados do que pensávamos.

Mais perdidos?

Não, estamos desencontrados. Não direi perdidos. A Igreja sabe o que quer com muita clareza e aquilo que quer coincide com os ideais da população. O que nós estamos a ter é dificuldade de comunicação, de fazer encontro. Não estamos em campos diferentes, estamos na defesa da vítima em absoluto. Há questões, como tal, que temos que esclarecer com muita racionalidade.

Tudo o que nós ouvimos na conferência da imprensa da CEP não transmitiu nada a ideia do que está a dizer agora. Por que razão? Há divisões entre os bispos?

Não há divisões, há opiniões diferentes. Os bispos estão unidos no essencial, no objetivo final aonde queremos chegar que é a segurança, o respeito e encontrarmos Cristo nos mais pequeninos. Mas nesse caminho, poderá haver opiniões para chegarmos lá de modo diferente.

Por exemplo, a questão da suspensão dos padres. D. Manuel Clemente disse que não se podia suspender padres. Qual é sua opinião?

Não sei se D. Manuel Clemente disse que não se pode suspender padres no sentido que está a entender. Eu falo da minha experiência. Évora recebeu dois nomes [de abusadores]. O primeiro nome é de uma pessoa que faleceu há vários anos. No outro caso, escrevi à Comissão Independente, que imediatamente me deu os pormenores da questão. Como medida cautelar, o padre foi afastado do ofício de pároco. Não se usa o termo suspensão. É afastado e não suspenso.

Fizemos um estudo prévio para verificarmos coisas tão elementares como informar o padre, ouvirmos aquilo que ele tem a dizer, procurar testemunhas. A seguir, esse trabalho foi enviado à Santa Sé, muito concretamente para a Congregação ou Dicastério da Doutrina da Fé. Não demora muito, porque eu já tive algumas experiências, por exemplo, com o caso de Samora Correia. Demora um mês e meio, dois meses e temos a resposta, que é a sentença que nós aplicamos à pessoa. Por exemplo, uma suspensão que é a redução ao estado de laical.

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Entrevista a D. Francisco Senra Coelho. Ouça na íntegra

O padre ficará afastado durante quanto tempo?

Até que venha a resposta de Roma. E a medida cautelar pode ser modificada, podemos pôr mais resguardos, afastá-lo ainda mais, ou podemos diminuir se de facto se verificar que não há perigo nenhum, por exemplo. Ou seja, se a legislação permite uma flexibilidade na questão.

Mas quando vier a decisão de Roma, que é a Roma a quem pertence a decisão, eu vou também comunicar ao Ministério Público. Apesar de não ter uma obrigação restrita, porque passam 40 anos sobre o facto. Mas eu vou comunicar por uma questão de fidelidade às orientações e sugestões do Papa Francisco, que aconselha sempre que, como uma questão moral nunca prescreve, a Igreja informe o poder civil.

Essa regra que adotou é a regra adotada pela CEP e por todos os bispos?

Não lhe posso garantir isso. Não estou a verificar cada bispo. O que eu adotei é tão somente a orientação do direito canónico para toda a Igreja.

Mas na reunião da CEP isso ficou acertado?

É um assunto que nem se põe. É uma lei geral que antecede tudo. Todos nós sabemos que é assim. Na maturação deste processo, todos os bispos, ao receberem os dados da comissão e ao verificarem que há problemas de pedofilia, têm que atuar assim.

E acha que a CEP tem que vir tomar uma nova posição pública para explicar melhor a mensagem que não soube passar?

Sei que está a ser preparado um esclarecimento. Estão a ser pedidos dados às dioceses e nós estamos a enviar dados. Portanto, isto faz pressupor que a Conferência Episcopal está a trabalhar no sentido de esclarecer mais e melhor.

Em relação aos encobrimentos que ao longo de décadas foram acontecendo, como é que a Igreja lida com isso neste momento?

Volto a dizer que temos que ser muito racionais. A pedofilia nunca foi uma coisa vista como nem normal, nem natural e muito menos virtuosa. Foi sempre intolerada e foi intolerada como modos de resolver e eliminar e um deles era o silêncio, era o esconder para que não se criasse, digamos, uma espécie de onda ou propensão. Portanto, nunca se foi pela linha da divulgação.

Neste momento, a situação mudou.

Totalmente. A partir da evolução da consciência social, eu não tenho nenhuma explicação para o encobrimento senão lamentar profundamente.

Daniel Sampaio chegou a dizer, numa entrevista ao Público/Renascença, que havia bispos que teriam sabido e teriam encoberto situações e que, se ele fosse um desses bispos, automaticamente abandonaria as funções.

Essa posição não diverge muito da do Papa Francisco. O Papa Francisco reduziu grandes prelados, até cardeais, à situação de grande pena canónica.

Havendo bispos que saibam de casos destes, devem abandonar funções?

Eu não direi isso. Isso é um assunto entre o bispo e a Santa Sé. Ele próprio pode tomar essa atitude. Conhecendo os meus irmãos bispos, não percebo essa atitude de encobrimento. O que posso antever são colegas meus que estão fazendo caminho na investigação.

Mas a Igreja tem que estar preparada para agir rapidamente.

Tem toda a razão, daí a medida cautelar, a pessoa é retirada, deixa de ser perigosa. A pena definitiva depende da evolução da investigação. Que fique claro que não aceito de modo nenhum a atitude do encobrimento. E quem o fez, de facto, deve-se encontrar em retiro consigo próprio e deve pensar muito seriamente nas consequências do seu gesto para as crianças, para as vitimas, para os menores e para a comunidade e para a igreja.

Acha que se deve mudar, rever a idade mínima para ser ordenado padre, que agora está nos 24 anos?

É um aspeto a ter em conta, sem dúvida. Mas queria lembrar um conjunto de coisas muito simples. A primeira de todas é que esse seminário de meninos fechados já não existe. Não estão numa redoma ou numa bolha. Neste momento, um candidato ao presbiterado tem um ano propedêutico, que é o ano 0, seis anos de Filosofia e Teologia e um ano de estágio. Portanto, não é fácil ter-se 24 anos nessa altura. Mas não deixa de ser necessário reflectir sobre a formação dos seminários, nomeadamente o apoio psicológico, a dimensão do acompanhamento.

Acompanhamento psicológico e formação nessa área?

Sim e a sua inserção nas comunidades, porque as comunidades têm um sexto sentido. Tem que se estar inserido nas comunidades paroquiais. Não pode de facto haver um ambiente de estufa, já não há, mas ainda tem que haver menos.


Arcebispo de Évora sobre afastamento de padre: "A questão moral não prescreve"
Arcebispo de Évora sobre afastamento de padre: "A questão moral não prescreve"

Não faz sentido uma reflexão sobre o fim do celibato dos padres?

Esse é um assunto efetivamente em constante debate há dezenas de anos. Mas não o ligo a este assunto. Há imensa pedofilia de pessoas que não são celibatárias, até, infelizmente, às vezes no âmbito da família. Portanto, não podemos fazer uma ligação entre o celibato e a questão da pedofilia, mas penso que é um assunto absolutamente plausível que a Igreja um dia venha a ordenar homens casados.

Ou seja, no meu entendimento, não é um tema descabido. Quem conhece 2000 anos de história da Igreja... Não é o caminho para mim mais evidente, até pela experiência das igrejas orientais, que partilham connosco as suas dificuldades. Aquilo que poderia acontecer com muita possibilidade de êxito é pessoas bem integradas, casadas, com famílias bem estruturadas, felizes, com uma dinâmica de doação de vida, fazê-lo como presbíteros, como já acontece com os diáconos permanentes. Esse caminho não me repugna absolutamente nada.

E a CEP aceitaria?

Nunca fiz, evidentemente, nenhum inquérito aos meus colegas, mas olhe que eu não sou um bispo que destoe na Conferência Episcopal por uma abertura exagerada e diferente deles.

Não se sente isolado?

Não. Este tema não repugna à maioria dos meus irmãos no episcopado.

Em relação às vítimas e às indemnizações, qual é a sua posição, uma vez que isso também não parece ser consensual?

Vamos voltar outra vez à questão da racionalidade. Em Portugal, cada um de nós é responsável pelos seus actos e por isso cada um de nós responde por aquilo que faz e responde perante a Justiça. Se de facto o responsável pelo acto foi aquele padre determinado, não podemos excluir duas coisas.

Primeiro, que pode haver responsabilidade da Igreja com uma instituição. Imaginemos que falhou na formação. Imaginemos que esse senhor já era reincidente. Essa tal questão da ocultação. Imaginemos que se prova que existiu. Foi um senhor que teve um problema na paróquia A, B X e foi colocado na paróquia Z. Imaginemos, por exemplo, que a situação do sacerdote era uma situação doentia, de tal modo que não teria possibilidade de ser pároco e foi nomeado pároco. Imaginemos que o sítio onde ele confessava não tinha dignidade nem condições e nunca a autoridade eclesiástica viu que aquilo era, de facto, um recanto de escuridão. Então a Igreja terá também como instituição as suas responsabilidades e a Igreja terá que indemnizar no contexto da legislação portuguesa. E tem que indemnizar.

Mas há um segundo ponto. A Igreja é mãe, é uma instituição que tem como grande dimensão a humanização. Se há uma vítima que precisa de ajuda, de apoio para consultas, para tratamentos, eu não aceito de maneira nenhuma uma insensibilidade da Igreja. De modo voluntário, consciente, assumido e com responsabilidade, deve imediatamente apoiar, sustentar, acompanhar a vítima. Não me reduzo a discursos espirituais para a pessoa.


Há pouco tempo fizemos um trabalho no Público sobre uma alteração em 2021 que o Papa Francisco inseriu, que tem precisamente a ver com as indenizações, com o dever da Igreja indemnizar. Portanto, esta discussão também é uma discussão canónica, não é do direito civil. Não há uma orientação do Papa Francisco sobre indemnizações?

Mas não chega à dimensão quantitativa.

Mas diz que tem que ser a Igreja e não o padre a indemnizar.

É um assunto que tenho que aprofundar com sinceridade. Não lhe posso, neste momento, dar uma resposta categórica. Eu conheço esse documento, vai ao encontro disto que eu estou a dizer. Ou seja, é uma atitude positiva da Igreja numa dimensão moral de ir ao encontro para além das leis se não for necessário. O Papa assume esta dimensão de dever. Portanto, quando eu digo dizer, quero também dizer uma dívida moral. Isto não é uma complacência, misericórdia goza por mim por pena, uma atitude assistencialista.

Esse pensamento do Papa parece que não está a ser transmitido pelos bispos em Portugal.

Efetivamente, temos que o revisitar novamente. Eu tenho que o revisitar. Eu quero falar muito da minha experiência, porque eu não estou aqui em nome da Conferência Episcopal. Eu sou o bispo de Évora.

Tendo em conta a revolta e a indignação que causou a resposta da Igreja nos católicos e na comunidade, considera que a melhor forma no futuro de agir estas duas comissões diocesanas de denúncia de situações ou ter antes uma voltar a haver uma comissão independente parecida com aquela que existiu porque se transmitiria mais confiança para a denúncia de casos?

Se me derem licença, eu gostava de vos dizer uma coisa importante. Há dias tive um contacto com os bispos do Sul (Beja, Setúbal e Algarve) e vamos dar início dia 3 a um trabalho na Arquidiocese de Évora, que será um projeto de segurança elaborado por peritos, com procedimentos, com formação, sobre como paróquias, catequeses, movimentos, congregações, devem actuar. Será um guia de procedimentos com que a Arquidiocese de Évora se vai comprometer.

Eu penso que uma das dificuldades surgidas na sexta-feira tem a ver com a expectativa criada desde a apresentação do relatório na Gulbenkian de que nós íamos mostrar procedimentos, pró-actividade, resoluções para combater esta situação. Mais do que o pensamento e reflexão, estava-se à espera de acções. E foi essa situação que não correu bem e surgiu a decepção. A posição que eu procuro na Arquidiocese de Évora e que estou em contacto com os meus bispos do Sul, é exactamente nesta linha; dizer à sociedade portuguesa que vamos renovar essa confiança.

E vai fazer a proposta de alargar esse plano ao resto do país?

Vai ser proposto aos meus colegas do Sul. E se os bispos de Portugal entenderem que esse documento serve para alguma coisa a nível nacional. Nós não podemos estar em dioceses sem esse plano de segurança, de formação e, ao mesmo tempo, de procedimentos concretos. Deixe-me dizer que no dia da conferência de imprensa, gostaria que as coisas tivessem corrido de outro modo e senti-me triste.

A sociedade exige à Igreja aquilo que é óbvio que a Igreja tem que dar, que é a verdade e o serviço. Se eu senti incómodo, tristeza e vergonha perante aquele relatório também no dia da conferência de imprensa não senti conforto.

Teme que a Jornada Mundial da Juventude fique penalizada com esta questão dos abusos sexuais?

Tenho medo de dizer o que penso, porque aquilo que eu penso é o seguinte: Portugal é plural, Portugal tem muitos pontos de vista e graças a Deus que é um país democrático e é um país plural. Há pessoas que estão a fazer trabalho em consciência plena, pela defesa das crianças. E haverá talvez também sectores, que põem mais acento no combate à Igreja do que na defesa das vítimas.

De que setores está a falar?

Não posso identificar.

Estão a criar lastro para que a Jornada Mundial da Juventude possa, por isso, ter menos sucesso?

É uma sensibilidade de quem está a acompanhar com atenção. O centro da questão é a defesa das crianças e dos vulneráveis. O centro da questão não é a Igreja nem o ataque à Igreja. Não se ataca a Igreja. Exige-se.

Fazer-se um memorial às vítimas na JMJ não pode ser visto como um insulto? Mais uma despesa?

É um trabalho pro-bono enquanto criação. Fazê-lo vai ser da responsabilidade da Igreja e não será do erário público.

E como é que tem visto a reacção do poder político, nomeadamente do Presidente da República? Acha que tem ajudado a ação da Igreja ou inflamado o senhor Presidente da República?

Tem uma dimensão de unir os portugueses e de ser isento para unir os portugueses. Espero que ajude a Igreja a cumprir o seu dever, que exija à Igreja que cumpra a sua missão e que apoie os portugueses neste momento de dor.

Ele tem que estar com os portugueses que sentem a dor por aquilo que é o seu descontentamento com a Igreja e tem que estar com a Igreja também no seu sofrimento e ao mesmo na pedagogia de que a Igreja consiga esclarecer com clareza a sua atitude face às diversas dificuldades.

Ele tem apontado o dedo à Igreja.

Pronto. Há portugueses que apontam o dedo à Igreja. Muitos, não é? Ele é o presidente de todos. E se ele apontar o dedo à Igreja para que a Igreja acorde, que seja um despertador e cresça mais ainda na sua resposta de qualidade, nós temos que fazer o trabalho de casa.

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