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Europeias 2024

Temido no bastião do Chega. "Não se podem repetir resultados das legislativas" no Algarve

30 mai, 2024 - 00:05 • Susana Madureira Martins

Marta Temido esteve esta quarta-feira em campanha pelo Algarve, região onde o Chega venceu as eleições legislativas. A cabeça de lista do PS esteve sempre acompanhada por Pedro Nuno Santos, que respondeu a Marcelo sobre "pressões" em torno da aprovação do Orçamento do Estado: "Há separação de poderes".

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"Acreditamos num bom resultado no Algarve" nas eleições europeias. Marta Temido dedicou um dia inteiro de campanha ao distrito de Faro, depois de nas legislativas de março o PS ter ficado em segundo, atrás do Chega. Um dia depois de André Ventura ter passado pela região, a candidata socialista garante "empenho" em mostrar soluções enquanto outros apresentam "cortinas de fumo".

Em declarações à Renascença, Marta Temido nunca refere o Chega, mas é ao partido de Ventura que atira no meio de uma arruada em Portimão: "À medida que o tempo passa, as pessoas percebem melhor quem tem soluções para os problemas e quem tem soluções que são cortinas de fumo ou discursos que se alimentam dos próprios problemas para continuar a cavalgar politicamente".

Um tema a que a candidata havia de retomar ao fim do dia, em Faro, num comício na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve. Sem nomear sequer o partido de André Ventura, a candidata insurgiu-se contra os "ataques verbais" e os "falsos argumentos" que "não resolvem os problemas das pessoas". "Não é dizendo que os políticos são gatunos que se resolvem problemas", disse ainda Temido

A candidata salientou ainda que o "ódio não resolve nada, só traz mais ódio" e que a bandeira da UE é a prova disso, "é o respeito pela diversidade e a igualdade na diferença". Temido lamenta ainda que "todos os ataques que vemos de xenofobia voltaram a entrar na nossa agenda".

Mas o fantasma de um mau resultado nas europeias assombrado por um potencial bom desempenho do Chega ficou ainda mais vincado no discurso de Isilda Gomes, a candidata número 7 na lista do PS e autarca de Portimão com o mandato suspenso.

Isilda Gomes alertou que o PS não pode deixar "que se repita" o que aconteceu "nas últimas eleições", ou seja, o segundo lugar atrás do Chega. "Desculpem lá, é uma vergonha para o Algarve, é uma vergonha para os algarvios e temos de virar aquilo que aconteceu", avisou a antiga autarca.

Num apelo à mobilização do PS, Isilda Gomes avisou que o partido tem de "arregaçar as mangas e ir para a rua falar com as pessoas", reforçando que "os resultados da legislativas não se podem repetir", confessando que sentiu "até uma certa vergonha" pelo resultado do partido no Algarve. "Vamos mostrar que para as europeias não vai acontecer aquilo que aconteceu nas legislativas".

Pedro Nuno avisa Marcelo sobre OE: "Há separação de poderes"

Neste périplo pelo Algarve, a cabeça de lista do PS às europeias andou sempre acompanhada de Pedro Nuno Santos, quer a entrar por lojas ou pela Docapesca de Portimão adentro.

Foi em Portimão que o líder do PS deixou recados ao Presidente da República sobre as pressões em torno do Orçamento do Estado (OE) de 2025 e a Luís Montenegro sobre o plano de emergência da Saúde, apresentado esta quarta-feira pelo Governo.

Em plena campanha eleitoral, Pedro Nuno Santos não gostou de ouvir Marcelo Rebelo de Sousa dizer que o chumbo do OE abre uma "crise política. O líder socialista lembrou que "há uma separação de poderes, já agora, entre o Parlamento e o Presidente da República". A farpa estava dada, mas não ficou por aqui.

"Aparentemente o Presidente acha que os diferentes grupos parlamentares devem viabilizar o OE mesmo que discordem dele, mesmo sem o ver", criticou Pedro Nuno, que acrescentou que se Marcelo "quisesse garantir que o OE para 2025 passava e era aprovado não tinha dissolvido a Assembleia da República.

O líder socialista, perante a insistência de Marcelo sobre este assunto, avisa que "a avaliação" sobre o OE vai acontecer, mas "não é com mais ou menos pressões" do Presidente. O chefe de Estado "é livre de dizer o que entende, mas o também tem de respeitar os grupos parlamentares", concluiu.

"O PowerPoint de um Governo em campanha"

Se Marcelo levou o recado, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, também. Questionado, na Docapesca de Portimão, sobre o programa de emergência de Saúde, apresentado esta quarta-feira pelo Governo, Pedro Nuno Santos lamentou que o "PowerPoint" apresentado "não inspire nenhuma confiança.

"Não há nenhuma visão para o SNS, nenhuma reforma" acusou Pedro Nuno. "Temos uma sociedade envelhecida que precisa de uma nova abordagem, de uma aposta a sério nos cuidados de saúde primários", acrescentou o líder socialista.

É um "PowerPoint de um Governo em campanha, mas, neste caso em concreto, não vislumbramos nada de extraordinário", disse ainda o líder do PS, repetindo depois uma fórmula que já tinha tentado na segunda-feira, no primeiro dia de campanha.

"Se apresentassem medidas que resolvessem os problemas dos portugueses", começou por dizer Pedro Nuno Santos. Mas este, acrescentou, é "um Governo que quer governar para a minoria" e depois de "30 dias em que não fizeram muito mais do que exonerar, este é um Governo que vai governar para uma minoria".

Ao lado, Temido, questionada pelos jornalistas sobre o novo plano de emergência da Saúde, respondeu com uma pergunta: "Qual plano?", rejeitando assim estender-se na análise sobre o documento do Governo.

Enfermeira queixa-se que Temido "nunca fez nada a favor" destes profissionais

Depois de na arruada de Portimão ter conversado com várias pessoas e oferecido panfletos em todas as lojas onde entrou, Temido deslocou-se a Faro para visitar uma obra de habitação financiada pelo Programa de Recuperação e Resiliência (PRR).

Foi aqui que, sempre acompanhada pelo líder socialista, Marta Temido, foi abordada por uma enfermeira que mostrou descontentamento pelo trabalho da ex-ministra da Saúde no Governo de António Costa.

"Sofri todo o tempo, eu e toda a classe", começou por dizer a mulher que foi logo interrompida: "Nunca fiz nada contra os enfermeiros", atalhou Temido, ao que a enfermeira lhe respondeu que "nunca fez nada a favor, todo o tempo".

A ex-ministra ainda alegou que no Governo modificou a carreira destes profissionais. "Mas, naturalmente, não vai concordar", admitiu Temido. A conversa azeda ficou por ali, com a ex-ministra da Saúde e candidata do PS às europeias a despedir-se com um "boa tarde, minha senhora".

Ao longo do dia, Temido foi fintando sempre o desafio de Sebastião Bugalho, na sequência do debate na RTP, para que pedisse desculpas por ter classificado como "imaturidade" a posição do candidato da AD sobre a presença do presidente da Ucrânia.

Se Bugalho acha que o dia foi de festa, Temido pergunta: "A visita de um PR de um país em guerra para pedir ajuda militar é uma festa?". Sendo assim, "não é caso" para pedir desculpa.

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