13 jul, 2022 - 22:50 • Sandra Afonso
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O Estado deve apoiar rapidamente a classe média e média baixa, defende o líder da Católica Lisbon School of Business and Economics (SBE), em entrevista à Renascença.
Filipe Santos diz que as famílias podem perder até 20% do poder de compra nos próximos dois anos. Apoios daqui a 18 meses já chegam tarde demais.
O “dean” da Católica SBE admite ainda mais contestação nas ruas, mas avisa que todos perdem sem um entendimento. Alerta ainda para os efeitos perversos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR): que além de agravar a inflação, tende a ser desviado para investimentos menos produtivos.
Filipe Santos critica ainda o excesso de política em questões técnicas como o novo aeroporto e defende que construir a Sul do tejo é “idiota”. Outra má decisão é colocar a referendo uma questão tão complexa como a regionalização.
A Católica SBE é mais uma escola de gestão distinguida pelo Financial Times, está no top 30 das melhores do mundo. A Católica SBE está ainda no top 20 em finanças e é a escola com melhor classificação ao nível da internacionalização.
Estes resultados e a exposição internacional traduzem-se em mais e melhores alunos?
Certamente que sim. Estes resultados não aparecem por acaso, são fruto de uma estratégia concertada de internacionalização e de excelência da escola, que já vem desde 2007, quando conseguimos a tripla acreditação a nível global.
Esta visibilidade internacional, o facto de termos muitos docentes internacionais e de estarmos presentes nos rankings leva a um aumento da procura dos alunos, não só nacionais, mas também internacionais.
Para dar um exemplo, nos programas de mestrado, temos cerca de 70% de alunos internacionais, cerca de 500 por ano. Revela bem que a Católica Lisbon e Lisboa é muito atrativa para os alunos mudarem a sua vida e virem para Portugal para estudar.
Temos alunos internacionais, mas também há muitos portugueses que optam por sair do país. Como é que se retém o talento em Portugal?
Há algumas medidas fiscais para ajudar os jovens que iniciam nos primeiros cinco anos no mercado de trabalho a terem uma redução da sua fiscalidade. De qualquer forma, sinto que em Portugal, e em geral nos países da OCDE, a fiscalidade é muito pesada sobre o trabalho, o que desincentiva o aumento dos salários pelas empresas, desincentiva o aumento das horas trabalhadas pelos trabalhadores e acaba por reduzir a produtividade também, pelo desincentivo a trabalhar mais.
"Portugal e Lisboa, em particular, têm condições para ser um hub de talento a nível internacional"
E, especificamente, no caso dos recém-licenciados?
Em Portugal os salários médios são muito baixos, comparados com o resto da Europa. Como temos recursos bem qualificados, bom talento na nova geração e um bom sistema de ensino superior que forma excelentes profissionais, muitos deles acabam por sentir-se atraídos por uma carreira internacional onde têm melhores condições.
Isso não é necessariamente mau, se for dentro de uma certa medida e se houver incentivos para regressar. Porque, uma pessoa que faça uma carreira lá fora, que ganhe rede internacional e que passado dez ou 15 anos regresse, traz para o país uma mais-valia.
Eu, por exemplo, estive 15 anos no estrangeiro, na Universidade de Stanford, a fazer o doutoramento e depois 12 anos no INSEAD, como professor de empreendedorismo, e quando voltei para Portugal, em 2015, tinha de facto uma rede de contactos e uma experiência que me valeu muito no regresso a Portugal e que me tem ajudado a contribuir para o país.
Temos é que conseguir atrair talentos internacionais, jovens e carreiras “mid-level”, para virem para Portugal. Se houver de facto mobilidade, em que alguns talentos vão para fora, eventualmente alguns regressam, e talentos de fora vêm para Portugal, eu acho que não há problema. O problema é quando o movimento é apenas de êxodo sem entradas.
Portugal e Lisboa, em particular, têm condições para ser um hub de talento a nível internacional e tem que haver uma aposta forte nisso.
Isso é uma tarefa do Governo ou também das empresas?
Começa no Governo, por criar um contexto económico e fiscal favorável para atração de talentos internacionais. Falamos não só de condições económicas e de impostos, mas também, por exemplo, uma melhoria dos serviços de imigração e fronteiras, porque muitas vezes a obtenção de um visto acaba por ser um bloqueio grande à mobilidade dos alunos.
O Governo tem que fazer a sua parte e a administração pública, em geral, tem que acolher bem os internacionais.
A sociedade portuguesa é acolhedora. A indicação que nós temos é que os alunos, o staff internacional, sente que Portugal tem uma sociedade acolhedora e há várias dimensões em que funciona muito bem, noutras, algumas burocráticas e fiscais, menos bem e é um desincentivo.
E o papel das empresas?
As empresas respondem muito a incentivos e oportunidades. Se houver incentivos e oportunidades de atrair talento internacional para vir para Portugal para criar centros de competência, criar mais startup ou para investir em filiais portuguesas, acho que as empresas vão responder a essas condições.
As universidades propõem por ano a abertura de cerca de 300 novos cursos. Não faz mais sentido apostar no aumento de vagas em cursos como Medicina, Enfermagem e Gestão, setores que têm manifestado dificuldade em recrutar?
É fundamental que haja uma boa adaptação da oferta de ensino superior ao mercado de trabalho. Por exemplo, talvez seja importante valorizar o ensino técnico profissional, porque muitas das vagas que existem hoje em dia nas empresas ou em certas áreas de serviços são de caráter mais técnico do que de ensino universitário.
A Católica abriu o ano passado um curso de Medicina porque havia, de facto, uma oferta muito limitada para a procura e para a necessidade de médicos em Portugal. Aí, o setor privado colmatou alguma ineficiência e alguma rigidez do sistema de ensino público na área da Medicina. E, claramente, em certas áreas de Gestão. Nós, na Católica, temos empregabilidade de 100% dos nossos graduados, tanto os de mestrado como os de licenciatura.
O mercado tende a absorver em certas áreas. Mas tem que haver também um cuidado de não sobredimensionar a oferta, em particular do setor público, face à demografia que vamos ter. Vamos ter um número mais reduzido de alunos para o ensino universitário nos próximos anos.
Agora, com o PRR está a haver um aumento muito grande de cursos aprovados e um inchar da oferta do ensino superior público, de novos cursos e novas áreas, isso pode ser apanhado em contrapé face à demografia e ao número de alunos que vêm para o ensino superior. Há aqui um equilíbrio que tem que ser pensado em termos de sistema, que é importante.
Apoia a possibilidade dos politécnicos concederem doutoramentos?
Se o mercado de trabalho requer um aumento de pessoas qualificadas com ensino técnico-profissional, não sei se a aposta nos doutoramentos dos politécnicos é a resposta, quando já há uma oferta muito grande de doutoramentos ao nível das universidades.
Em relação ao país, temos um problema de gestão? Faço esta pergunta a pensar em situações como o caos na saúde ou a eterna indecisão sobre o novo aeroporto. Há política a mais e gestão a menos nos órgãos de decisão?
Há falta de organização, às vezes sistémica, em Portugal. A falta também de capacidade de decisão, de ouvir todos, decidir e avançar com essa decisão, sem mudar a meio do caminho.
A questão do novo aeroporto é um exemplo disso, andamos há 20 anos a pensar no novo aeroporto, enquanto outros nesse período de tempo já construíram dois ou vários. Tendo em conta que uma das áreas competitivas de Portugal é o Turismo e que este chega ao nosso país periférico através dos voos, a capacidade aeroportuária é fundamental e essa deveria ser uma prioridade.
O que é preciso para resolver esta questão urgente?
O tema é bastante complexo e há várias dimensões. Uma é a concessão à ANA, que em termos contratuais coloca certas condições, outra é a decisão da localização e o destino da Portela, outra são os impactes ambientais da futura localização.
Às vezes, é preciso bom senso antes de começar a tomar decisões. Por exemplo, a ideia de colocar o aeroporto na margem sul, Montijo ou Alcochete, quando depois obriga a uma enorme obra de infraestrutura para conseguir trazer as pessoas para a zona norte de Lisboa, onde está a procura dos passageiros, parece-me uma ideia, à partida, algo idiota. Por uma questão de simples bom senso.
Havia opções alternativas que foram ignoradas e que parecem que fazem muito mais sentido. Alverca, por exemplo, seria uma delas, que fica no eixo da Portela para norte, uma zona com uma grande área populacional e com condições, em termos de terrenos, possíveis.
É importante parar um pouco, equacionar de facto as várias opções, talvez criar um comité técnico com algum grau de independência para que dê confiança na sua recomendação, para que seja uma decisão mais técnica e menos política, e não tenha tendência a ser alterada quando mudam os ciclos eleitorais.
É uma obra a dez, 20 anos, com a qual vamos viver durante 20 a 30, tem que ser uma obra mais consensual. Se for possível fazer um bom aeroporto sem investir muitos “biliões” em obras desnecessárias é de avançar por essa via.
Em termos de gestão, este processo tem sido muito mal gerido?
A evidência objetiva aponta para bastante má gestão na questão da decisão e construção do novo aeroporto em Lisboa. Com a pandemia, pensou-se que ganhamos dois anos, vamos ter algum desafogo, mas passaram-se os dois anos e avançou-se zero.
O processo está tão enredado que tem que haver agora algo que tire a questão da decisão política e que a ponha numa decisão mais técnica, mais científica, mais de eficiência e de sistema aeroportuário português e na região de Lisboa.
"Estado deve apoiar classe média e média baixa com subsídios diretos"
Essa também é a solução para a saúde? Entregar a questão a especialistas e a técnicos e menos a políticos?
Aí diria que é diferente. No aeroporto temos uma grande decisão que tem que ser feita e tem que ser norteada por critérios técnicos. Na saúde é mais uma questão da gestão de todo um sistema que tem vários componentes: tem um sistema público nas suas várias vertentes, de medicina familiar, hospitais; que é completado pelo sistema privado.
Na saúde talvez seja importante haver menos ideologia e mais gestão. Ou seja, enquanto no aeroporto há muita política e pouca técnica, na saúde há talvez muita ideologia, público vs. privado, e o que é que deve ser em vez do que é que a evidência aponta que é a melhor forma de organizar o sistema.
É consensual que, por exemplo, as PPPs tiveram bons resultados em termos de indicadores de qualidade da saúde e de custos para o Estado. Em Vila Franca, por exemplo. No entanto, houve uma decisão política/ideológica de as complicar e de não as renovar. Isso não é bom sinal, até porque muitos desses estudos eram feitos por entidades do Estado, incluído o Tribunal de Contas.
Depois também há muitos lóbis, de vários tipos e de várias dimensões. Há ideologias. É muito complexo! Mas é importante que este tema seja bem trabalhado.
O que pensa sobre a regionalização? O Governo deve avançar com o referendo nos próximos quatro anos?
Questionar as pessoas sobre temas que são muito complexos, que têm várias dimensões, como a regionalização, não acho um bom caminho. Há tantas questões que eu acho que é politizar demasiado a questão.
Portugal é um país pequeno, tem um sistema bastante centralizado, de governo, o que em algumas áreas é uma vantagem, porque consegue fazer coisas acontecerem, em outras é uma desvantagem porque centraliza muito.
Já há uma estrutura de distribuição de serviços na saúde e na educação, através da delegação de competências para municípios. Os municípios hoje em dia são uma forma de governo muito eficaz, porque têm as suas próprias receitas, do IMI e do IMT, têm uma proximidade com os problemas muito grande e consegue dar uma resposta ágil e rápida aos anseios e necessidades das populações.
Apostaria em reforçar a competência dos municípios, que já está a acontecer e deveria continuar. Não sei se um país como o nosso precisa de um nível intermédio de governo, que depois traz também mais politização de algumas decisões.
Entrevista a Ramon O’Callaghan
Em entrevista à Renascença, Ramon O’Callaghan fala(...)
Já começámos a receber o que será o maior valor de sempre em fundos europeus. A opinião pública e publicada começa agora a questionar o destino destes fundos. Onde deve ser aplicado o dinheiro, em que áreas, de forma a garantir a máxima eficiência e rentabilidade para o país e para a economia nacional?
Sou um pouco cético em relação ao PRR, não o nosso mas o Programa de Recuperação e Resiliência que a Europa implementou, porque é tão complexo que está a chegar aos países europeus com um timing péssimo.
Houve medidas diretas de apoio, durante a pandemia, que foram fundamentais, como o apoio ao lay-off temporário. Congelou as economias durante um período e nós congelamos os empregos pagando o salário, isso foi uma ótima política, que manteve intacta a capacidade produtiva.
Mas agora que estamos a recomeçar e a relançar a economia com alguma pujança e que, aliás, há pressões inflacionistas que estão a aparecer por todo o lado devido à massa monetária em circulação e às baixas taxas de juro, ter para além dos fundos habituais, um novo programa com mais fundos, pode inflacionar mais as economias, numa altura em que já há problemas de inflação.
Pode até distorcer um bocadinho, porque se calhar projetos produtivos e que poderiam ser realizados agora ficam inviáveis, porque há uma grande competição pela construção civil, há um grande aumento do preço de matérias-primas, mas como há dinheiro europeu para fazer certos projetos, fazem-se e pode distorcer um bocadinho a economia para áreas que não serão as mais produtivas. Esse é um receio.
Também o preocupa que o Estado tenha ficado com a maioria do investimento?
Sim. Porque, enquanto o setor privado pode criar investimentos e ou os investimentos são produtivos e a empresa desenvolve-se ou não são e a empresa volta a emagrecer. O setor público, uma vez que cresça e que incha com novos fundos e com novas contratações, com novos cursos superiores, com novos serviços. Quando o dinheiro acaba, tem dificuldade em emagrecer novamente, porque isso implicaria despedimentos na função pública, um ajuste que politicamente é sempre difícil fazer.
O PRR veio ainda adiar o Portugal 2030, que já devia estar em implementação e ainda nem sequer está desenhado, porque esteve toda a gente a desenhar o PRR.
Realçou os aspetos negativos, mas onde deve ser aplicado este dinheiro?
Devia ser utilizado para fazer investimentos “one-off”. Ou seja, investimentos de modernização administrativa, de automação ou automatização, aumento de eficiência de processos, são investimentos que se fazem uma vez e que ganham produtividade para sempre. Isso é um ganho.
Os investimentos que aumentam a dimensão, porque há dinheiro disponível e levam a nova construção, que seria não crítica ou absolutamente necessária, levam a este efeito de distorção e de inchaço de um sistema que depois tem dificuldade a adaptar-se quando o dinheiro acabar.
"Questionar as pessoas sobre temas muito complexos, com várias dimensões, como a regionalização, não acho um bom caminho"
A inflação está a esmagar os orçamentos das empresas e das famílias. Para quem tem créditos, a perda do poder de compra vai agravar-se com a subida dos juros. Vários economistas afastam um cenário de recessão em Portugal, apesar de o admitirem na zona euro. Concorda?
Neste momento não é claro que vai existir uma recessão, mas é claro que vão aumentar as dificuldades das famílias e de algumas empresas, pelo aumento enorme dos custos, como a energia.
Estou bastante preocupado com o aumento da inflação, que acho que não é estrutural ainda, mas que pode tornar-se estrutural se não forem tomadas medidas concretas.
É uma situação para quantos anos?
Vai depender da reação do Banco Central e aí está o “trade off”. O caminho dos bancos centrais é muito estreito: entre um ataque forte à inflação, aumentando as taxas de juro, controlando a inflação no prazo de um a dois anos, mas correndo o grave risco de criar uma recessão; ou então, ser mais ligeiro no combate à inflação, a recessão provavelmente não acontecerá, até porque tem os estímulos do PRR, do turismo, mas a inflação torna-se mais estrutural, mais permanente, o que tem um efeito pernicioso para a economia a médio e longo prazo.
Depois é mais difícil inverter. É neste caminho estreito que os banqueiros centrais coçam a cabeça a pensar como é que vão resolver isto. Não é fácil!
E que impacto é que esta situação tem nos salários? Porque estamos a falar também do poder de compra das famílias.
Eventualmente, poderá haver aumentos salariais para o ano. Quem está a mudar de emprego ou a entrar no mercado de trabalho já encontra os salários um pouco mais altos porque há escassez de mão de obra hoje em dia. Quem está empregado se calhar não nota imediatamente esse efeito, as empresas vão tentar não aumentar demasiado rapidamente os salários, porque não conseguem comportar outro aumento de custos.
O que pode acontecer também é uma perda de talento, das empresas, do Estado e para novos empregos. Uma rotação grande no mercado de trabalho, o que cria sempre alguma instabilidade.
As famílias, no curto prazo, sofrem imenso com o aumento da inflação e dos preços, ainda não viram refletido nos salários esse aumento e vão perder 10, 15, 20% de poder de compra em um ou dois anos. É inevitável e é um problema muito grande. Aí o Estado deve atuar, em particular nas famílias mais desfavorecidas, com subsídios diretos para repor a perda de rendimento real das famílias, em particular da classe média e média baixa, que têm já muita dificuldade no dia a dia em equilibrar o orçamento e com este aumento de custos não vai conseguir esse equilíbrio.
Esses apoios diretos devem ser já dados no próximo Orçamento do Estado?
Têm que ser dados rapidamente, porque é este ano que as famílias perderam rendimento. Eventualmente, no ano seguinte, ou daqui a dois anos, talvez a inflação já se consiga controlar e os salários aumentem um pouco e o efeito já é mais gerido.
No curto prazo é que o embate é forte, as famílias não esperavam e o apoio deve ser rápido. É como o lay-off temporário, resultou porque foi um apoio imediato, quando a crise aconteceu. Se o apoio vem daqui a 18 meses, é tarde demais.
Dado este cenário, é de esperar maior contestação e mais pessoas na rua em protesto?
É um risco. Por um lado, é natural que os trabalhadores queiram um aumento de salários mais forte para contrapor a inflação e que haja alguma resistência do Estado e das empresas a fazer um aumento rapidamente, por incapacidade de pagar. Isso pode levar a alguma contestação, que também é mais fácil de acontecer quando um partido tem maioria absoluta e, portanto, há menos formas de negociação e de escape do sistema.
Isso seria muito mau para o país, porque depois afeta setores que têm mais impacto na economia, às vezes nos transportes, que dificulta a vida do resto da população, ou de certos setores que acabam por parar. Isso, acontecendo, acho que ainda vai puxar mais para baixo a economia e a sociedade.
Gostaria de ver as coisas resolverem-se de outra forma, que os cidadãos e os sindicatos percebam que é também uma situação excecional e invulgar e que tem que haver um ajustamento e um esforço de todos em concertação social. Se se exacerbar posições e houver mais contestação, perdemos todos. Não há vencedores, só há derrotados.