Seis em cada dez portugueses não sabiam que as próximas eleições europeias se realizam este ano, apesar de 57% dizerem ser “provável” ir votar no próximo dia 9 de junho. Os dados constam no mais recente Eurobarómetro (estudo realizado em toda a União Europeia), o último antes dos europeus serem chamados às urnas.

No documento, revelado esta quarta-feira, é possível ler que dois terços (66%) dos portugueses têm uma “imagem positiva do Parlamento Europeu”, e que estão acima da média europeia nesse parâmetro, onde só 41% da população tem a mesma opinião.

Os resultados são obtidos a partir de milhares de entrevistas presenciais (26.411, das quais 1.032 feitas em Portugal) entre o fevereiro e o final de março. O que nos dizem?

Quando se realizam?

Esta foi a pergunta que denunciou que – apesar de mais euro entusiastas – os portugueses estão menos informados que a média europeia. 62% não sabia quando é que se realizam as eleições europeias, quando o indicador se situa nos 33% para o europeu médio.

De grosso modo, dois em cada três portugueses não fazia ideia quando é que há eleições para as europeias, quando a média é de um em cada três europeus não o saberem.

Estão interessados?

É um dado que contrasta com as respostas à pergunta anterior. Apesar de pouco cientes da atualidade, 51% dos portugueses está interessado nas eleições europeias, e 57% dizem que seria “provável” ir votar caso as eleições se realizassem na semana seguinte.

A média europeia é mais alta. 71% admite ir votar e 60% afirmam estar interessados no ato eleitoral do dia 9 de junho.

Apesar de estarem menos predispostos a sair de casa e votar, 92% dos inquiridos considera que “votar é importante para manter a democracia forte”. 86% dos europeus considera o mesmo.

Portugueses (90%) e europeus (81%) parecem concordar com uma afirmação: o “atual contexto internacional faz com que seja ainda mais importante votar” nas próximas europeias.

Porque resistem a votar?

No campo da abstenção, há várias respostas, mas os portugueses estão em contraciclo com os europeus: 51% dos cidadãos nacionais afirmam que não votaram nos últimos cinco anos “por razões ideológicas ou políticas” e apenas 38% justificam a ausência com “razões práticas ou pessoais”.

É exatamente o oposto da média europeia. Os cidadãos dos 27 tendem a justificar a abstenção com questões práticas (57%) e menos com motivações políticas (28%).

Portugueses menos preocupados com defesa e migrações

Nas prioridades estabelecidas, os portugueses têm convicções divergentes da média europeia. Para os nossos cidadãos, deve ser dada primazia ao “apoio à nossa economia e criação de novos empregos”, à “luta contra a pobreza e exclusão social” e à saúde pública.

Os europeus, partilham, no geral, estas preocupações, mas colocam no mesmo patamar a “defesa e a segurança da União Europeia”. Neste campo, há uma clara tendência dos países mais a leste colocarem este ponto como prioridade - afinal, estão geograficamente muito mais próximos da guerra na Ucrânia.

Dado que se destaca: em média, os portugueses estão três vezes menos preocupados com as “migrações e asilo” do que os restantes cidadãos da União Europeia.

Nota curiosa: na Suécia, quase 60% dos inquiridos consideraram que as alterações climáticas são uma prioridade.

Maior impacto e dificuldades com a inflação

Com um poder de compra menor que a média, seria de esperar que os portugueses sofressem mais com o aumento do custo de vida. E assim foi: 56% considera que o “seu nível de vida diminuiu”, enquanto 45% dos europeus sentiram o mesmo.

Mais gritante é a diferença das dificuldades. Quase dois em cada três inquiridos (63%) diz que sentiu “de vez em quando” ou a “maioria das vezes” dificuldades para pagar as suas contas ao final do mês.

Quando olhamos para a realidade europeia, apenas 36% admitiram dificuldades.