De visita a Verona, o Papa encontrou-se na basílica de São Zeno com 800 sacerdotes e consagrados. Reconhecendo as dificuldades que enfrentam, Francisco pediu audácia da missão. “Também hoje precisamos disto: da audácia do testemunho e do anúncio, da alegria de uma fé ativa na caridade, da desenvoltura de uma Igreja que sabe captar os sinais do nosso tempo e responder às necessidades de quem mais precisa”.

Esta audácia deve ser acompanhada de outra missão: “levar a todos a carícia da misericórdia de Deus, especialmente a quem tem sede de esperança, a quem se vê obrigado a viver à margem, ferido pela vida, ou por algum erro cometido, ou pelas injustiças da sociedade, que sempre vem em detrimento dos mais frágeis”.

Francisco também não esqueceu a cidade de Romeu e Julieta: “se o génio de Shakespeare se inspirou na beleza deste lugar para nos contar as histórias atormentadas de dois apaixonados, prejudicados pelo ódio das respetivas famílias, nós, cristãos, inspirados pelo Evangelho, comprometemo-nos a semear por toda a parte um amor mais forte que o ódio e de morte. Sonhem assim, Verona, como a cidade do amor”.

Cinco mil crianças em festa

No exterior da catedral de Verona, 5000 crianças acolheram o Papa com entusiasmo e acenaram com os seus bonés vermelhos e com baldoes. Num breve diálogo, Francisco respondeu a algumas perguntas, uma delas sobre como podemos ser um sinal de paz para o mundo.

“Vos sabeis que o mundo de hoje está em guerra. E há tantas guerras, na Ucrânia, na Terra Santa, em Africa…”, respondeu o Papa, pedindo aos miúdos que não litiguem com os colegas. “Devemos ser um sinal de paz, devemos partilhar com os outros, escutá-los e brincar com eles”.

No texto do discurso que o Papa decidiu não ler, optando pelo diálogo, lamenta a quantidade de crianças e jovens vítimas de violências e de falta de alimentos e remédios, que, muitas vezes, morrem sob as bombas. “Vocês, jovens e crianças, podem ser construtores de paz! Mas, para construir um mundo, onde reinam a paz, a harmonia e a fraternidade, o que devemos fazer? Digamos com uma imagem: podemos viver com punhos fechados ou então com as mãos abertas”.

Francisco acrescentou o que isto significa: “Se mantemos nas mãos fechadas os dons e talentos, que recebemos, guardando-os somente para nós, buscando sempre ocupar o primeiro lugar na classificação e, assim, todos os outros se tornam inimigos que devem ser derrotados”. Por isso, a alternativa é “abrir nossas mãos e sermos um dom para os outros, considerando-os nossos amigos e irmãos, querendo-nos bem, ajudando-nos e caminhando juntos!”