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1938-2017

Morreu Belmiro de Azevedo

29 nov, 2017 - 15:54

Um dos grandes empresários das últimas décadas, revolucionou o grupo Sonae. Tinha 79 anos.

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Belmiro de Azevedo. O capitalista que citava Marx
O empresário Belmiro de Azevedo morreu aos 79 anos. Em entrevista à Renascença e ao jornal “Público”, em 2009, citou Marx para dizer que as crises são oportunidades para regenerar empresas e países.

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O empresário Belmiro de Azevedo morreu esta quarta-feira, aos 79 anos, avançou o jornal "Público" e a RTP. O homem forte do grupo Sonae faleceu no hospital da CUF, no Porto, onde estava internado desde domingo.

O empresário português estava em quarto lugar no "ranking" dos portugueses mais ricos com 1.311 milhões, segundo a lista anual da revista "Exame". Era o 1376º homem mais rico do mundo para a revista "Forbes".

O velório realizar-se na Paróquia de Cristo Rei, no Porto, a partir das 20h00 desta quarta-feira. A missa de corpo presente decorrerá no mesmo local, na quinta-feira, dia 30 de Novembro, às 16h00, seguida de uma cerimónia fúnebre reservada à família, avança o grupo Sonae, em comunicado.

Belmiro de Azevedo nasceu em Tuías, Marco de Canaveses, em 17 de Fevereiro de 1938. Era o mais velho dos oito filhos de Manuel de Azevedo, carpinteiro e agricultor, e de Adelina Ferreira Mendes, costureira.

Licenciou-se em Engenharia Química na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

No início dos anos 1960, começou a trabalhar na Efanor (Empresa Fabril do Norte), uma empresa têxtil dos arredores do Porto, propriedade de Manuel Pinto de Azevedo.

Ao fim de dois anos de trabalho, Belmiro abandonou a Efanor por considerar que esta empresa pecava por falta de estratégia. Em Janeiro de 1965, passou a trabalhar como investigador na Sonae (Sociedade Nacional de Aglomerados e Estratificados), de Afonso Pinto de Magalhães, banqueiro, empresário e dirigente do FCP. Tinha 26 anos.

O primeiro trabalho de Belmiro na Sonae. "Destruir para recriar"
Em entrevista à Renascença e ao “Público”, em 2009, contou pormenores sobre o início da sua carreira na Sonae. Nesta história há uma patente que foi “gato por lebre” e um ensinamento: “a única lei que vale a pena aprender em economia é a da oferta e da procura”

Destruir e recriar na Sonae

“Quando fui para a Sonae, a 2 de Janeiro de 1965, a Sonae estava numa crise. Era uma crise praticamente de nascença, porque na altura comprou uma patente, que não era propriamente uma patente, era um francês habilidoso que vendeu gato por lebre”, contou ao programa “Diga Lá Excelência” da Renascença e do “Público”, em Setembro de 2009.

“Essa tal invenção era uma falsa invenção. Aquilo estava mesmo a merecer uma experiência ‘shumpeteriana’, que era destruir para recriar. E foi isso que aconteceu. O meu trabalho foi praticamente mandar para a sucata metade do equipamento que lá estava”, revelou.

Nesta empresa desencadeou rápidas e profundas mudanças que a transformaram num pequeno grupo empresarial. Fez um MBA em Harvard, financiado pela empresa.

No período revolucionário de 1974, Pinto de Magalhães partiu para o exílio e Belmiro de Azevedo assumiu o controlo da Sonae, que cresceu substancialmente nas décadas seguintes.

Aventurou-se em novas áreas como a dos hipermercados (Continente e Modelo), a das comunicações (jornal "Público") e a das telecomunicações (Optimus). Posteriormente, o grupo procurou expandir-se internacionalmente e apostou no retalho especializado (Bonjour, Vobis, Worten, Sport Zone, entre outros).

Fora do mundo das empresas, Belmiro da Azevedo teve um percurso ligado ao desporto. Foi atleta do andebol do FC Porto e dirigente da secção de natação do clube azul e branco. "Era o sócio 1714, numa ligação que durava há 55 anos – já tinha por isso recebido a roseta de ouro", destacam os dragões numa mensagem de condolências.

"O principal de um grande líder é formar líderes melhores"

A partir de 1985, a Sonae passou a ser cotada na Bolsa de Valores e Belmiro torna-se accionista maioritário do grupo.

Em 1991, criou a Fundação Belmiro de Azevedo, que desenvolve a política de mecenato da empresa. Em 2007, depois de 18 anos na direcção da Sonae, transferiu a liderança para o seu filho Paulo de Azevedo, actual presidente executivo da Sonae SGPS e reservou para si o cargo de presidente do conselho de administração (“chairman”).

"Não devemos morrer agarrados ao cadeirão", disse Belmiro de Azevedo num encontro público, considerando que a função de um grande líder é formar líderes melhor do que ele.

"O principal de um grande líder é formar líderes melhores do que ele próprio. Se não assume isso, está o caldo entornado. Não devemos morrer agarradas ao cadeirão, mas nem sempre é assim, até na política", afirmou.

[notícia actualizada às 17h47]

Comentários
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  • Pedro
    30 nov, 2017 Porto 07:09
    Partem os grandes e fica "o resto"...
  • 30 nov, 2017 02:26
    e estranho morre a irma no mesmo dia e quase ninguem comenta esta coincidencia lamentavel!
  • LAMENTÁVEL!!!!
    30 nov, 2017 GODIM 01:17
    No meio de tanta gente anónima, políticos, colegas de infância etc,etc, apareceu o Partido Comunista, igual a si mesmo, demonstrando desprezo por um empresário de sucesso e o maior empregador em Portugal .LAMENTÁVEL!!!1
  • Nuno
    30 nov, 2017 Australia 01:08
    Mais um que partiu sem levar um centavo do dinheiro que acumulou. Nao nutro nenhuma simpatia por este personagem nem pelas politicas de destruicao dos pequenos empresarios e pelas praticas de culambismo que promoveu nas empresas que administrava. Infelizmente deixou uma semente que vai pelo mesmo caminho.
  • Antonio Grifo
    29 nov, 2017 Povoa de Varzim 23:57
    Grande líder! Que descanse em Paz!
  • JC
    29 nov, 2017 Caparica 23:21
    Que descanse em paz, Se neste mundo existe algo de extraordinário é a lei que determina que somos todos iguais na morte, ou seja quando chega a hora nada nos vale nem mesmo o dinheiro colocado em offshores !!!!!
  • Lobo
    29 nov, 2017 Porto 23:10
    Nem o Papa, nem o médico, nem o multimilionário, nem o homem mais forte, escapa à morte! Numa campa qualquer de Marco de Canavezes, estará um morto rico, ao lado de mortos remediados e pobres. Mas todos mortos e iguais à nascença e na morte! Bem, a campa ou jazigo, pode tem outro luxo. Porque rico ou família dele, gosta de se superiorizar ao pobre, pela eternidade!
  • Maria do Carmo Pinto
    29 nov, 2017 Seixal 23:03
    Paz à sua Alma!
  • Horacio
    29 nov, 2017 Lisboa 22:54
    É triste ver gente pobre de alma, spirito e bolso que fazer comentários negativos a respeito de qualquer pessoa que tenha sucesso na vida . É um grande defeito português .por abaixo tudo . Se todos fossem a luta como ele fez ,ao invés de ficarem o dia todo no ócio e a noite toda nos bares ,talvez também conseguiam alguma coisa. Mas esta mentalidade pequena não se muda do dia para a noite.
  • Maria
    29 nov, 2017 Porto 20:50
    "Sou exigente para os mandriões", dizia Belmiro de Azevedo.... por isso o PCP não gostava dele? Aliás o PCP nem respeito pela Morte tem. Que partido mais estranho .... Todo o meu respeito à sua família.

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