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Fotorreportagem

Poupar energia pode sair caro aos comerciantes. “Uma montra apagada é uma montra não olhada”

27 out, 2022 - 09:30 • Maria Costa Lopes (texto e fotos)

Para os empresários de Lisboa, as medidas de poupança energética do Governo “não são novidade”. Associação de Dinamização da Baixa Pombalina diz que faltam apoios do Estado.

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Os comerciantes de Lisboa estão a fazer todos os possíveis para “economizar a eletricidade diária”, mas há o reverso da medalha. Desligar as luzes das montras pode levar a alguma “insegurança”, nomeadamente deixando as lojas mais vulneráveis a “eventuais furtos”, alerta à Renascença Manuel Lopes, dirigente da Associação de Dinamização da Baixa Pombalina (ADBP).

“Uma montra apagada é uma montra não olhada. Isso não é bom para o empresário, nem para o comércio de uma forma geral”, acrescenta Manuel Lopes.

Na zona da Baixa-Chiado, em Lisboa, grande parte do consumo de energia está no comércio local, que precisa de eletricidade para trabalhar durante o dia e para se fazer ver durante a noite.

A recomendação de desligar a “iluminação de montras e similares após o encerramento do estabelecimento" e a "iluminação interior sempre que o espaço não esteja em uso e após o horário de trabalho" são duas das medidas no Plano de Poupança de Energia 2022-23 apresentado pelo Governo.

No entanto, muitas empresas já aplicavam estas recomendações previamente. É o caso das lojas do grupo Inditex; à Renascença, a gerente de loja Oysho confirma que implementaram "há vários anos" as medidas que o Governo implementou agora, face à crise energética.

Também o proprietário da loja de discos Louie Louie diz já ter feito a mudança para luzes LED, mais económicas, sendo que também já desligava as luzes "desnecessárias" muito antes da recomendação do Governo. “É uma questão de senso comum”, defende.

Na praça do Rossio, o Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa destaca-se pelas luzes a emoldurar a entrada e até um carrossel em funcionamento. A própria montra é em si uma atração, com turistas a parar para ver e tirar fotografias ao cenário circense.

Catarina Alves, chefe de loja desta cadeia, não sabe de cabeça os valores dos gastos energéticos, mas assegura que estão a ser tomadas “todas as medidas recomendadas pelo Governo” no âmbito do Plano de Poupança e Energia 2022-2023.

“Quando a loja está fechada deixamos as luzes todas completamente apagadas e não ligamos as luzes exteriores do prédio”, adianta à Renascença.

Ricardo Esteves, diretor dos Armazéns do Chiado, confirma que o centro comercial está a seguir as recomendações do Governo e acrescenta algumas medidas adicionais coordenadas entre a Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC) e a ADENE – Agência para a Energia.

“Ajustar os parâmetros de funcionamento dos sistemas de climatização das áreas comuns e manter a iluminação desligada em horário diurno e imediatamente após o fecho do centro comercial” são algumas das medidas referidas pelo responsável à Renascença.

“Tudo isto tem refletido uma redução no consumo de energia na ordem dos 11%, comparativamente com o período homólogo de 2019", destaca.

Com a guerra na Ucrânia e o corte no fornecimento de gás russo à União Europeia, a eletricidade está agora três vezes mais cara do que há um ano.

Perante o cenário atual, a Câmara Municipal de Lisboa, contactada pela Renascença, referiu também estar a aplicar medidas de poupança na iluminação de Natal, que vai estar acesa metade dos dias do que noutros anos.

O presidente da ADBP diz que este atraso nas inaugurações das luzes de Natal “não é bom” para o comércio e considera que um mês é um “período demasiado curto para tanto investimento”.

A maioria das gerências de lojas abordadas pela Renascença está a implementar as medidas recomendadas pelo Governo. Ainda assim, algumas admitem que mantêm as luzes interiores das lojas ligadas depois do fecho, por questões de segurança e visibilidade.

“Tudo aquilo que seja para deixar o estabelecimento com menos visibilidade é prejudicial ao comércio e ao empresário”, conclui Manuel Lopes.

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